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quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Governo freia despesas no 5º bimestre para conter estouro do déficit estadual

Lauro Veiga Filhopor Lauro Veiga Filho em 2 de dezembro de 2025
Governo
Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Diante da escalada do déficit estadual nos últimos meses, os responsáveis pela política fiscal em Goiás decidiram impor um freio moderado às despesas correntes primárias no quinto bimestre deste ano. O movimento foi favorecido pela recuperação das receitas no período, após a queda de 7,23% registrada nos dois meses anteriores. Embora os números do Relatório Resumido da Execução Orçamentária relativo a setembro e outubro indiquem uma melhora expressiva em relação ao quarto bimestre, o resultado primário ainda revela deterioração significativa frente ao ano passado, contrariando a retórica recente de austeridade fiscal.

No curto prazo, as receitas primárias subiram de R$ 7,475 bilhões entre julho e agosto para R$ 8,437 bilhões entre setembro e outubro, um aumento nominal de 12,86% (R$ 961,4 milhões). No mesmo período, as despesas primárias totais — excluídos juros e amortizações — recuaram de R$ 8,945 bilhões para R$ 8,809 bilhões, uma redução de R$ 136 milhões. A combinação dos dois movimentos derrubou o déficit primário de quase R$ 1,47 bilhão para R$ 372,2 milhões, queda de 74,67%.

Entre as principais rubricas de gastos, as despesas com pessoal ficaram praticamente estáveis, passando de R$ 4,008 bilhões para R$ 4,018 bilhões, alta de apenas 0,24%. Já as demais despesas correntes, excluídas as financeiras, tiveram corte de R$ 166,6 milhões, queda de 5,39%, após terem saltado 25,36% entre o terceiro e o quarto bimestres. Os investimentos estaduais — somando pagamentos do exercício e restos a pagar — também ficaram praticamente estáveis no quinto bimestre: R$ 1,316 bilhão, frente a R$ 1,309 bilhão no período anterior, avanço de 0,58%. Apesar dessa estabilidade recente, a média mensal dos investimentos ficou 91,3% acima da média do primeiro semestre.

Balanço

• O comportamento das contas fiscais entre o quarto e o quinto bimestre ainda não indica uma estratégia sólida de ajuste, especialmente em um cenário de campanha eleitoral já em andamento e que deve se intensificar no próximo ano.

• Comparando-se com o mesmo período do ano passado, as receitas primárias cresceram 5,37% nominalmente no quinto bimestre, passando de R$ 8,006 bilhões para R$ 8,437 bilhões, um ganho de R$ 430 milhões. Já a despesa primária saltou de pouco mais de R$ 7 bilhões para R$ 8,809 bilhões, aumento de 25,84% (R$ 1,809 bilhão), mais de quatro vezes o aumento observado nas receitas.

• O déficit de R$ 372,2 milhões registrado em setembro-outubro contrasta com o superávit de R$ 1,006 bilhão no mesmo bimestre de 2024 — deterioração de R$ 1,379 bilhão.

• Os gastos com pessoal cresceram 10,78% no período comparativo, passando de R$ 3,627 bilhões para R$ 4,018 bilhões, um aumento de R$ 391 milhões. Já as demais despesas correntes avançaram 31,83%, subindo de R$ 2,219 bilhões para R$ 2,925 bilhões (R$ 706 milhões adicionais).

• O investimento praticamente dobrou na comparação anual, saindo de R$ 685,3 milhões para R$ 1,316 bilhão, alta de 92,1%.

• No acumulado de janeiro a outubro, as despesas primárias subiram de R$ 33,293 bilhões para R$ 41,422 bilhões, aumento de R$ 8,13 bilhões (24,42%). O ritmo é quase 3,4 vezes superior ao crescimento das receitas primárias, que subiram apenas 6,6% (de R$ 36,235 bilhões para R$ 38,627 bilhões).

• Como resultado, o Estado saiu de um superávit primário de R$ 2,942 bilhões entre janeiro e outubro de 2024 para um déficit de R$ 2,795 bilhões este ano — deterioração de R$ 5,737 bilhões, equivalente a 15,4% da receita corrente líquida.

• No lado das despesas, a folha de pessoal aumentou 13,26% (de R$ 17,224 bilhões para R$ 19,508 bilhões). As demais despesas correntes avançaram 35,35% (de R$ 10,697 bilhões para R$ 14,478 bilhões).

• Os investimentos continuam acelerados, passando de R$ 2,751 bilhões para R$ 4,690 bilhões, alta de 70,49%. Em proporção da receita corrente líquida, os investimentos subiram de 7,96% para 12,59%.

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