Saldo comercial avança quase 16% em 11 meses (com empurrão dos EUA)
Nos 11 primeiros meses deste ano, o superávit na balança comercial de bens e mercadorias em Goiás experimentou avanço de 15,94% em relação aos valores acumulados entre janeiro e novembro do ano passado, subindo de US$ 6,361 bilhões para praticamente US$ 7,375 bilhões. Esse resultado representa o terceiro melhor desempenho para o período na série histórica da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). O ganho acumulado chega a US$ 1,014 bilhão. Paradoxalmente, a principal contribuição para o crescimento do saldo comercial goiano ao longo do ano veio justamente dos Estados Unidos, apesar da ofensiva comercial e geopolítica promovida pelo governo daquele país contra o Brasil.
O aumento do superávit goiano decorreu da combinação entre o crescimento das exportações do Estado e uma leve redução das importações, explicada quase integralmente pelo forte recuo nas compras de produtos originados nos EUA. Embora os impactos da “supertarifação” imposta pela administração trumpista tenham atingido setores relevantes da economia goiana, como a carne bovina, os efeitos agregados foram menos drásticos do que o esperado. A tarifa de 50% também atingiu café, frutas, mel e outros segmentos com menor peso na balança estadual. A retirada da sobretarifa de 40% por parte dos EUA ocorreu em novembro, permanecendo, no entanto, o adicional de 10% anunciado em abril.
Os números da Secex mostram que as exportações goianas cresceram 7,26% no período, passando de pouco menos de US$ 11,515 bilhões para US$ 12,251 bilhões, o que representa um aumento de US$ 836,074 milhões. No mesmo intervalo, as importações caíram de quase US$ 5,154 bilhões para algo acima de US$ 4,976 bilhões, redução de US$ 177,682 milhões.
Impacto real
As transações comerciais entre Goiás e os EUA envolvem valores relativamente modestos, mas ainda assim tiveram impacto significativo no resultado consolidado da balança comercial. As exportações goianas para o mercado norte-americano mais do que triplicaram, avançando 209,1% entre janeiro e novembro deste ano, ao passarem de US$ 189,108 milhões para US$ 584,458 milhões. Apesar disso, a participação das vendas destinadas aos EUA no total exportado por Goiás atingiu apenas 4,73%. Ainda assim, esses valores adicionais responderam por 47,28% do aumento total das exportações do Estado.
As importações de bens e mercadorias provenientes dos EUA caíram 24,93%, passando de US$ 613,879 milhões para US$ 460,813 milhões, o equivalente a 9,26% de tudo o que Goiás comprou no exterior entre janeiro e novembro. A queda de US$ 153,066 milhões correspondeu a 86,15% da redução total de US$ 177,682 milhões registrada nas importações goianas no período.
Balanço
No ano passado, a balança comercial entre Goiás e Estados Unidos registrou déficit de US$ 424,772 milhões até novembro, reduzindo o superávit geral do Estado na mesma proporção. Neste ano, mesmo com o tarifaço, o saldo tornou-se positivo, atingindo US$ 123,645 milhões, valor equivalente a 1,67% do superávit total. Essa reversão representou um ganho de US$ 548,417 milhões para a balança goiana, contribuindo com 54,10% da elevação do superávit estadual acumulado.
A China também influenciou o desempenho comercial, com o superávit bilateral avançando de US$ 3,996 bilhões para US$ 4,331 bilhões, alta de 8,37%, ou US$ 334,574 milhões adicionais. Apesar disso, a participação chinesa no saldo total recuou de 62,82% para 58,72%, embora ainda permaneça elevada.
Metade do crescimento das exportações goianas pode ser atribuída às vendas de soja em grão, com a China absorvendo 85,76% dos embarques. Entre janeiro e novembro, Goiás exportou cerca de US$ 4,950 bilhões em soja, frente a US$ 4,532 bilhões em igual período de 2024, aumento de 9,23%, equivalente a US$ 418,301 milhões. Os chineses pagaram US$ 4,245 bilhões para importar 10,652 milhões de toneladas de soja goiana — cerca de 85,96% do volume total embarcado pelo Estado. Em relação ao ano anterior, houve aumento de 10,46% no valor importado e de 20,22% no volume, reflexo de uma queda de 8,11% nos preços médios.
A carne bovina foi o segundo principal item da pauta exportadora estadual. As vendas cresceram de US$ 1,542 bilhão para US$ 1,914 bilhão, alta de 24,1%, ou US$ 371,720 milhões adicionais. Embora a China tenha permanecido como o maior destino individual, respondendo por cerca de um terço das exportações goianas de carne bovina fresca e congelada, suas compras recuaram 19,49%, despencando de US$ 790,940 milhões para US$ 636,766 milhões, redução de 30,76% em volume.
Essa retração foi compensada pelo expressivo crescimento das exportações de carne bovina para os Estados Unidos, que avançaram 135,81%, saltando de US$ 140,970 milhões para US$ 332,416 milhões. O acréscimo de US$ 191,446 milhões respondeu por pouco mais de 51,5% do aumento total das vendas externas do setor.