Faixa de Gaza não está em situação de fome, mas segue sob risco
Relatório aponta que Gaza não está mais em situação de fome após o início do cessar-fogo
A melhora no fluxo de ajuda humanitária levou o principal observatório global da fome a afirmar, nesta sexta-feira (19), que a Faixa de Gaza não está mais enquadrada tecnicamente em situação de fome. A avaliação do IPC ocorre após a ampliação das entradas de alimentos desde o cessar-fogo de 10 de outubro entre Israel e o Hamas, mas o próprio órgão reforça que o território segue sob uma crise humanitária grave e vulnerável a retrocessos.
Quatro meses atrás, o IPC havia alertado que cerca de 514 mil palestinos enfrentavam fome extrema em Gaza. Na atualização mais recente, o órgão concluiu que os indicadores não atingem mais os limiares exigidos para essa classificação, embora toda a região permaneça em fase de emergência. O relatório destaca que qualquer interrupção no acesso humanitário ou comercial, ou uma eventual retomada das hostilidades, poderia recolocar toda a Faixa de Gaza em risco de fome até abril de 2026.

Israel controla ajuda humanitária na Faixa de Gaza
Israel controla todo o acesso ao enclave costeiro. O Cogat, órgão militar israelense responsável pela coordenação da ajuda humanitária, já havia contestado em agosto a alegação de que havia fome em Gaza e rejeitou as conclusões do relatório. O Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que o volume de ajuda enviado é maior do que o refletido no documento e que os preços dos alimentos caíram desde julho. O Hamas e agências humanitárias, por sua vez, contestam esses números e dizem que a assistência ainda é insuficiente.
Apesar da ausência de uma classificação formal de fome, o IPC reconhece que mais de 100 mil pessoas ainda enfrentam condições catastróficas. A projeção indica queda desse número nos próximos meses, mas estima que cerca de 101 mil crianças e 37 mil mulheres grávidas ou lactantes precisarão de tratamento contra desnutrição aguda ao longo do próximo ano.