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quarta-feira, 24 de dezembro de 2025
Livros

Mercado editorial cresce 13% e gera 70 mil empregos no Brasil

Levantamento da Câmara Brasileira do Livro mostra que o setor alcançou mais de 54 mil empresas entre 2023 e 2025

Otavio Augustopor Otavio Augusto em 24 de dezembro de 2025
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Foto: Divulgação

O mercado editorial brasileiro atravessa um ciclo de expansão que combina crescimento econômico, geração de empregos e fortalecimento da cultura leitora. Levantamento inédito divulgado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) revela que o número de empresas ligadas ao setor literário cresceu 13% entre 2023 e 2025, alcançando mais de 54 mil empreendimentos ativos em todo o país. O avanço ocorre em um cenário de adaptação às transformações digitais, mas também de valorização do livro físico como produto cultural e econômico.

Segundo o estudo, elaborado em parceria com a Analytics Valuation Reporting Insights, o setor editorial — que engloba editoras, livrarias, gráficas, distribuidores e empresas de edição integrada — foi responsável pela criação de 70 mil empregos diretos nos últimos dois anos. O desempenho reforça a relevância do segmento dentro da economia criativa brasileira e sua capacidade de gerar renda de forma descentralizada, atingindo diferentes regiões e perfis profissionais.

Expansão das empresas impulsiona o mercado de trabalho

O crescimento no número de estabelecimentos é um dos principais motores da geração de empregos no setor. Em 2024, o mercado editorial contava com cerca de 51 mil empresas ativas, número que saltou para 54 mil em 2025, com expansão registrada em todos os segmentos mapeados. O destaque ficou para as editoras e para o comércio varejista de livros, que apresentaram crescimento consistente ao longo do período analisado.

A abertura de novas livrarias físicas tem impacto direto na economia local, especialmente em centros urbanos médios e grandes. Redes do setor vêm ampliando sua atuação regional, com inaugurações recentes fora dos tradicionais eixos culturais. Em Porto Alegre, por exemplo, a abertura de uma nova unidade marcou a chegada de uma rede nacional à região Sul e resultou na ampliação do quadro de funcionários em poucos meses, refletindo a demanda crescente por atendimento presencial e eventos culturais.

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Foto: Divulgação/ Brenno Carvalho

Estrutura do setor é dominada por pequenos negócios

O levantamento da CBL também traça um retrato detalhado da estrutura do mercado editorial brasileiro. Do total de empreendimentos ativos, 59% são empresários individuais, 40% empresas privadas e apenas 1% organizações sem fins lucrativos. Em termos de porte, o setor é majoritariamente formado por microempresas, que representam 83% do total, seguidas por empresas médias e grandes (9%) e de pequeno porte (8%).

Esse perfil evidencia o caráter empreendedor do segmento e sua importância para a economia local. A edição de livros concentra o maior número de estabelecimentos e apresenta forte predominância de empresários individuais, responsáveis por 77% das empresas do segmento. Já a impressão de livros se destaca por apresentar a maior média de empregos por empresa, com cerca de nove postos de trabalho por estabelecimento, principalmente nas regiões Sudeste e Sul.

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Comércio varejista lidera geração de empregos

Entre os diferentes elos da cadeia produtiva, o mercado varejista de livros é o principal gerador de empregos do setor editorial. A maior concentração de postos de trabalho está na região Sudeste, responsável por 56% das vagas, reflexo da densidade populacional, da infraestrutura logística e do maior número de estabelecimentos comerciais.

O comércio atacadista, por sua vez, mantém operações estratégicas em centros regionais de distribuição, com presença marcante nas capitais do Sudeste, Nordeste e Sul. Essa organização logística contribui para o abastecimento de livrarias físicas e canais de venda em todo o território nacional, garantindo escala e eficiência à cadeia do livro.

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Foto: Divulgação/ Fernanda Martinez

Capilaridade territorial e impacto social do livro

Um dos dados mais relevantes do estudo é a ampla presença territorial do mercado editorial. Em 2025, 2.495 municípios brasileiros contam com pelo menos uma empresa ligada ao livro, demonstrando que o mercado literário ultrapassa os grandes centros e alcança cidades de diferentes portes. Essa capilaridade reforça o papel do livro como vetor de desenvolvimento econômico, educacional e cultural.

A pesquisa também analisou a relação entre a presença de livrarias e indicadores de desenvolvimento. Nos 1.830 municípios que possuem comércio varejista de livros, o Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSC) é 3% superior à média nacional, indicando associação entre circulação de livros e melhores condições sociais, educacionais e culturais.

Além disso, o comportamento do consumidor tem favorecido o mercado. Apesar do avanço das plataformas digitais, o livro físico segue valorizado, impulsionado pela experiência sensorial, pela facilidade de concentração e pelo apelo como item de presente. Paralelamente, o ambiente digital atua como aliado, com influenciadores literários e redes sociais ampliando o interesse pela leitura e estimulando novos públicos.

Para a presidente da CBL, Sevani Matos, os dados reforçam a importância estratégica do setor. Segundo ela, o levantamento oferece uma base sólida para o fortalecimento de políticas públicas e para a ampliação do acesso ao livro no país. O crescimento observado entre 2023 e 2025 consolida o mercado editorial como um segmento resiliente, capaz de gerar empregos, movimentar a economia e contribuir para o desenvolvimento social brasileiro.

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