Quinta-feira, 28 de março de 2024

Coluna

A independência dos EUA e os 100 anos do Partido Comunista da China

Publicado por: Marcelo Mariano | Postado em: 05 de julho de 2021

Marcelo Mariano*

Xi Jinping e Joe Biden celebraram importantes datas na China e nos EUA, respectivamente | Foto: US. Department of State

Nos últimos dias, as duas maiores potências internacionais, Estados Unidos e China, passaram por datas comemorativas importantes.

Enquanto os chineses celebravam os 100 anos do Partido Comunista da China, em 1º de julho, os americanos festejavam o Dia da Independência, em 4 de julho.

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Qual é o significado dessas datas em meio às tensões entre ambos os países?

No caso dos Estados Unidos, foi o primeiro Dia da Independência desde que Joe Biden assumiu como presidente, ou “a maior festa na Casa Branca desde o início do mandato do democrata”, de acordo com a CNN.

Biden recebeu mais de mil pessoas, como militares e trabalhadores essenciais, para comemorar a data. Ainda segundo a CNN, foi “um aceno aos profissionais que mantiveram o país andando nos dias mais sombrios da pandemia”.

Para o 4 de julho, o governo americano tinha um objetivo específico: vacinar, com pelo menos uma dose, 70% da população adulta. Não conseguiu, pois o índice ficou em 67%. Apesar disso, Biden proclamou a “independência do coronavírus”.

O presidente aproveitou para reforçar outras ações de seu mandato. Nas redes sociais, ele destacou a recuperação econômica, com auxílio financeiro a quase 170 milhões de pessoas e mais de três milhões de empregos criados.

Do outro lado do mundo, o líder chinês, Xi Jinping, também ressaltou seus feitos, como o fim da pobreza, conforme parâmetros do próprio governo chinês, segundo o qual, nos últimos oito anos, 100 milhões de pessoas deixaram essa condição (menos de US$1,90 por dia).

Durante seu discurso no megaevento realizado na Praça da Paz Celestial, em Pequim, Xi passou importantes recados para o mundo, sendo o principal deles o de que não serão toleradas interferências em assuntos como Hong Kong e Taiwan.

“Ninguém deve subestimar a determinação, a forte vontade e a extraordinária capacidade do povo chinês de defender sua soberania. Qualquer um que tentar vai se deparar com uma grande muralha de aço forjada por mais de 1,4 bilhão de chineses”, disse o líder chinês.

E Xi também passou um recado em tom de ameaça: “O sucesso da China depende do partido. Qualquer tentativa de dividir o partido do povo chinês está fadada ao fracasso”.

Independentemente de qual comemoração teve mais sucesso, é certeza que, a curto e médio prazo, Estados Unidos e China continuarão em disputa – ideológica, comercial e de narrativa.

Curiosidade: o Partido Comunista da China não foi criado em 1º de julho de 1921, mas, sim, no dia 23. O ex-líder chinês Mao Tsé-tung teve uma falha de memória e ele instituiu a comemoração no dia 1º, o que se tornou tradição.

*Assessor internacional da Prefeitura de Goiânia, vice-presidente do Instituto Goiano de Relações Internacionais (Gori) e autor do livro “Introdução ao Oriente Médio: um guia em dez perguntas sobre uma das regiões mais importantes e complexas do mundo”. Escreve sobre política internacional às segundas-feiras.