Coluna

A injustiça financia o assassinato de jornalistas

Publicado por: Yago Sales | Postado em: 15 de junho de 2022

Seis tiros calaram Valério Luiz, aos 49 anos, à luz do dia, logo depois de ele deixar os microfones de um programa esportivo na Rádio Jornal, onde ele trabalhava, em Goiânia. O crime ocorreu há 10 anos e nenhum dos apontados pelo crime foi julgado. Manobras adiaram, por três vezes, o julgamento do silenciamento de um profissional de imprensa. Cronista esportivo, Valério fugia à regra: comentava acidamente e denunciava os desmandos de cartolas. Foi assassinado por exercer a função de um dos pilares de uma sociedade democrática e civilizada: o jornalismo. Quando calaram Valério, ninguém mais se falou em assuntos que permeiam, de fato, os bastidores da cartolagem. Era ele quem denunciava. O recado foi dado. O medo de publicar histórias que os poderosos não querem que sejam publicadas aumenta o sentimento de injustiça. Qualquer um pode ser calado a balas? Ontem o júri que daria respostas à sociedade foi adiado pela 4° vez e o motivo – um dos jurados ter quebrado a quarentena em um hotel – foi classificado como “inusitado”. O que era inusitado era jornalista ser assassinado por exercer sua atividade. Enquanto isso, o repórter britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira permanecem desaparecidos em uma das zonas de maior conflito da Amazônia por conta de interesses de grupos que costumam apagar seus rastros à bala. Até quando?

Banco dos réus

Denunciado como mandante, o ex-vice-presidente do Atlético Goianiense, Maurício Sampaio e o funcionário dele Urbano Malta; os policiais militares Ademá Figueiredo e Djalma da Silva e o açougueiro Marcus Vinícius Xavier. 

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Casadinha? 

O governador Ronaldo Caiado inaugurou a sede do Complexo do 19º Comando Regional da Polícia Militar do Estado de Goiás. À esquerda do governador, em posição de respeito, cantava o hino nacional o presidente da Alego, Lissauer Vieira (PSD), pré-candidato ao Senado Federal. 

Fiel

Também participava do evento o vice-presidente da Alego, o emedebista Henrique Arantes, um dos aliados de Caiado no projeto de reeleição ao governo. 

Do outro lado

Um dia antes, o pai de Henrique, o ex-deputado federal Jovair Arantes (Republicados), se espremia para ficar bem pertinho do presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, que veio a Goiânia para anunciar oficialmente João Campos como nome ao Senado na chapa de Gustavo Mendanha (Patriota). 

Ah é?

O prefeito de Itumbiara, Dione Araújo (União Brasil), declarou apoio à pré-candidatura ao Senado de Alexandre Baldy (Progressistas). O prefeito acredita que, caso eleito, Baldy deve ajudar os municípios por ter as portas abertas no governo federal. Não se sabe se com Lula ou Bolsonaro – líderes nas pesquisas, respectivamente. 

Influência

Alexandre Baldy reserva parte da agenda para encontros com empresários do setor industrial em Goiás. Um dos encontros que rendeu apoios do setor produtivo a Baldy aconteceu nesta terça-feira (14) em Itumbiara, com o PIB da região, como Alberto Borges de Souza, do Grupo Caramuru, e Valdo Marques, vice-presidente executivo da Stemac, empresa do ramo de geradores.

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O município de Valparaíso de Goiás completa  27 anos nesta quarta-feira.