Alimentos, fertilizantes e material de limpeza puxam a indústria no Estado

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 12 de dezembro de 2023

O avanço da produção industrial em Goiás continua sendo sustentado pelo processamento de commodities de base agropecuária e pelo setor de adubos e fertilizantes, com papel coadjuvante assumido pela indústria de fabricação de materiais de limpeza, especialmente sabões e detergentes de uso doméstico e industrial. Já às vésperas dos festejos de final de ano, o ciclo mais recente da indústria no Estado pode ser dividido em duas fases bastante distintas, a primeira das quais, ainda nos primeiros meses deste ano, marcada por um desempenho muito tímido, numa quase estagnação, já que a produção registrou variação de apenas 0,3% no primeiro semestre de 2023 em relação ao mesmo período de 2022.

Nos quatro meses deste então, a produção passou a acumular variação de 7,8% diante do quadrimestre entre julho e outubro do ano passado. Trata-se de um crescimento expressivo, mas que ocorre sobre uma base relativamente reduzida, considerando que a indústria havia sofrido recuo de 1,2% em relação a igual período do ano imediatamente anterior. As tendências tornam-se mais claras quando observados períodos mais específicos. Num exemplo, entre janeiro e abril deste ano, a produção havia desabado 7,2%, segundo a série de dados dessazonalizados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), descontados fatores que ocorrem sempre nos mesmos períodos a cada ano.

A reação iniciou-se timidamente, com variação de 0,5% na passagem de abril para maio, e modestíssima elevação de 0,4% em relação ao quinto mês do ano passado, quando a indústria goiana havia encolhido 5,8%. Ao longo de seis meses, contados a partir de maio, na série dessazonalizada, a produção avançou 8,8%. Apenas relembrando, a tendência não foi uniforme nesse período, já que a produção do setor literalmente não saiu do lugar em julho, mas avançou 2,1% de setembro para outubro, com a indústria estadual apresentando o quarto melhor desempenho entre os Estados acompanhados pelo IBGE. 

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Seis meses de avanços

Na comparação com os mesmos meses do ano passado, a produção sustenta-se em terreno positivo há seis meses, chegando a outubro com salto de 13,0% diante do mesmo mês de 2022 e fechando os primeiros dez meses do ano com variação de 3,8% diante de idêntico intervalo do ano passado. O avanço mensal e o crescimento acumulado até outubro colocam a indústria goiana num terceiro lugar entre as regiões onde o setor industrial mais cresceu. Para relembrar, mais uma vez, na média de todo o País, a indústria registrou estagnação real, com crescimento nulo. O desempenho medíocre na média brasileira tem sido determinado pelas regiões onde a industrialização mais avançou nas últimas décadas, atingidas especialmente pela política de juros altos que encarece o crédito, eleva riscos e custos de investimentos, atingindo setores que fabricam bens duráveis, máquinas e equipamentos, principalmente (mas não exclusivamente). Na média nacional, o setor de bens de capital sofreu baixa de 10,3% em outubro e passou a acumular queda também de 10,3% na comparação entre os primeiros dez meses deste ano e igual intervalo de 2022.

Balanço

  • Em outra comparação possível, os níveis da produção industrial em outubro deste ano na comparação com fevereiro de 2020, período imediatamente anterior à pandemia, mostram recuo de 1,6% na média de todo o País, mas cresce 6,4% em Goiás. A despeito dessa reação, a indústria goiana havia produzido em outubro deste ano volumes ainda 2,80% menores do que em outubro de 2019, quando o setor havia registrado seu melhor resultado na série histórica do IBGE.
  • Em torno de metade do crescimento de 13,0% registrado em outubro deste ano, frente ao décimo mês de 2022, deveu-se ao crescimento observado na indústria de alimentos, que experimentou avanço de 14,1% depois de crescer 12,9% em setembro. Devido ao peso do setor no valor agregado gerado pela indústria como um todo, o setor de produção de alimentos contribuiu com 6,3 pontos na formação da taxa mensal – vale dizer, respondeu por 48,5% do aumento registrado pela pesquisa mensal do instituto.
  • Proporcionalmente, a produção da indústria química continua em disparada, saltando 68,4% em outubro depois de já ter crescido 45,6% em setembro, e alcançou sua quinta variação mensal positiva em sequência. Essa escalada tem sido sustentada pela produção crescente de fertilizantes minerais e químicos a base de nitrogênio, fósforo e potássio, incluindo superfosfatos. E ainda um incremento da produção de sabões e detergentes destinados à limpeza doméstica e para a indústria em geral. Em outubro, daqueles 13,0% de crescimento geral, o setor de fabricação de produtos químicos entrou com pouco menos de 4,9 pontos percentuais, respondendo, portanto, por 37,3% na formação do indicador.
  • No acumulado dos primeiros dez meses deste ano, a indústria de alimentos anotou incremento de 7,7% diante de um avanço de 9,2% para o setor de fabricação de produtos químicos. Sozinho, o setor de produção de alimentos respondeu por 86,3% de todo o aumento acumulado pelo conjunto da indústria. Na avaliação do IBGE, a produção de alimentos recebeu influência mais positiva dos segmentos de processamento de carnes bovinas frescas e congeladas, carnes e miudezas de aves, leite condensado e milho em conserva.