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sábado, 6 de dezembro de 2025

Avanço mais lento da renda tende a limitar crescimento do consumo

Lauro Veiga Filhopor Lauro Veiga Filho em 15 de agosto de 2025
Avanço mais lento da renda tende a limitar crescimento do consumo Foto: Freepik
Avanço mais lento da renda tende a limitar crescimento do consumo Foto: Freepik

No segundo trimestre deste ano, a renda nacional bruta disponível das famílias cresceu 4,24% frente ao mesmo período do ano passado, saindo de R$ 731,920 bilhões para R$ 762,920 bilhões na série de dados dessazonalizados e “deflacionados” – ou seja, já descontada a inflação oficial do País, medida pelo IPCA e apurada pelo IBGE. Em 2023, considerando junho como base, a renda das famílias havia registrado um incremento real mais expressivo, de 7,16%, já com ajustes sazonais que excluem fatores que se repetem anualmente e poderiam distorcer a comparação.

Segundo estimativa do Banco Central (BC), as famílias tiveram um ganho de R$ 48,914 bilhões entre o segundo trimestre de 2024 e o mesmo período de 2023. Neste ano, a injeção extra na renda das famílias foi mais limitada, girando em torno de R$ 31 bilhões. Nos 12 meses acumulados até junho, a renda bruta disponível das famílias cresceu 4,05%, contra 6,78% no período anterior. Em termos absolutos, o ganho de renda que chegou a R$ 545,8 bilhões até junho do ano passado caiu para menos de R$ 347,8 bilhões no último período, ou seja, cerca de R$ 198 bilhões deixaram de entrar no orçamento familiar, o que pode desestimular consumo e investimentos, esfriando a atividade econômica já pressionada pelos juros elevados.

Explicação parcial
Parte da desaceleração pode estar ligada ao comportamento recente das transferências públicas, como aposentadorias, pensões, benefícios assistenciais e Bolsa Família. No segundo trimestre deste ano, em valores atualizados pelo IPCA, o pagamento desses benefícios somou R$ 378,457 bilhões, contra R$ 375,007 bilhões no mesmo período de 2023, um acréscimo de apenas R$ 3,45 bilhões (0,92%). Em 2023, a alta havia sido de 9,46%, com um reforço de R$ 32,412 bilhões na renda das famílias.

Balanço

  • O conceito de renda nacional disponível do BC inclui salários, lucros, aluguéis, rendimentos financeiros, aposentadorias, pensões, benefícios assistenciais e transferências eventuais como o auxílio emergencial. Desse total, são descontados impostos sobre renda e patrimônio, contribuições previdenciárias e transferências para outras instituições ou para o exterior.

  • No acumulado em 12 meses até junho, as transferências de renda para as famílias caíram 2,26%, de R$ 1,319 trilhão para R$ 1,289 trilhão, redução de R$ 29,776 bilhões.

  • A pesquisa mensal de serviços do IBGE mostrou alta de 0,3% de maio para junho, quinta variação positiva seguida, com avanço acumulado de 2% entre fevereiro e junho, marcando recorde histórico. Esse resultado foi puxado pelo setor de transportes, armazenagem e correio, que cresceu 1,5% no mês.

  • Outros setores ficaram no negativo em junho: serviços profissionais e administrativos (-0,1%), informação e comunicação (-0,2%) e serviços prestados às famílias (-1,4%), acumulando queda de 1,8% desde março.

  • No transporte aéreo, houve alta de 2,5% em junho; no segmento de armazenagem e correio, 0,4%; e no transporte de cargas, 0,7%.

  • Em Goiás, o cenário foi pior, com queda de 2,1% de maio para junho e retração acumulada de 4,3% desde março. Na comparação com junho de 2023, o estado recuou 1,6%, após alta de 3,2% em maio. As quedas vieram de serviços profissionais (-2,1%), transportes (-2,9%) e outros serviços (-16,2%), parcialmente compensadas por altas em serviços às famílias (+2,4%) e informação e comunicação (+5,4%).

  • No restante do País, na comparação anual, destacaram-se as altas em informação e comunicação (+5,7%), transportes (+3,0%) e serviços profissionais (+2,4%). No acumulado do semestre, Goiás cresceu 2,5%, em linha com a média nacional.

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