Balança comercial triplica saldo em Goiás no primeiro trimestre

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 08 de abril de 2022

A diferença entre exportações e importações atingiu novo recorde no primeiro trimestre deste ano em Goiás, impulsionado mais uma vez pelas vendas externas de soja em grão, farelo e óleo (o chamado complexo soja) e predominantemente pelo aumento dos volumes embarcados no período, tendo a China ainda como destino principal. Registrou-se valorização dos preços das principais commodities exportadas pelo Estado, tendência incrementada desde o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, mas o crescimento em volume foi mais relevante para explicar os números históricos apresentados pelas exportações, com tendência praticamente inversa observada na ponta das importações.

Entre janeiro e março, as exportações realizadas a partir de Goiás alcançaram quase US$ 3,065 bilhões neste ano, saindo de US$ 1,809 bilhão em igual intervalo do ano passado, o que correspondeu a uma elevação de 69,41%. Os preços médios dos bens e produtos exportados experimentaram elevação de 18,0%, mas os volumes saltaram 43,7%, subindo de 2,708 milhões para 3,888 milhões de toneladas. As importações apresentaram crescimento mais modesto, influenciado pela queda vertical das compras de energia da Argentina e do Uruguai. Na soma total, o Estado importou algo próximo a US$ 1,492 bilhão nos três primeiros meses deste ano, avançando 9,52% frente a US$ 1,362 bilhão no mesmo período de 2021. Em volume, as compras externas registraram variação de apenas 3,17%, passando de 929,562 mil para 959,005 mil toneladas, com elevação de 6,16% para os preços médios dos produtos comprados lá fora.

Impactos limitados

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O resultado, até então, foi um superávit comercial (exportações menos importações) de US$ 1,573 bilhão no primeiro trimestre, o mais elevado para o período em toda a série histórica oficial. Comparado aos mesmos três meses do ano passado, o saldo cresceu 237,03%, depois de somar US$ 466,606 milhões naquele trimestre. Em tese, o crescimento do superávit tenderia a contribuir para injetar recursos na economia, gerando algum crescimento. Mas a excessiva concentração das exportações em bens de baixo conteúdo tecnológico opera na direção contrária, ao limitar o transbordamento desses recursos para setores mais amplos da economia. No primeiro trimestre deste ano, apenas para anotar, as vendas externas do complexo soja responderam por 55,26% do total exportado em dólares e por 81,58% dos volumes destinados a mercados no exterior.

Balanço

  • Somadas, as exportações de soja em grão, farelo e óleo atingiram US$ 1,693 bilhão neste ano, saindo de US$ 790,701 milhões no primeiro trimestre do ano passado, significando um aumento de 114,16%. Nada menos do que 71,89% do crescimento das exportações goianas totais vieram daqueles três itens. Em volume, o complexo soja embarcou 3,172 milhões de toneladas rumo aos mercados externos, numa alta de 61,09% frente a 1,969 milhão de toneladas no trimestre inicial de 2021.
  • Os preços médios da soja em grão, do farelo e do óleo de soja experimentaram altas de 33,64%, de 12,60% e de 44,8% respectivamente, sempre em comparação com os valores médios de igual período do ano passado.
  • A China foi o destino de praticamente 51,0% de toda a exportação goiana, frente a 44,47% no primeiro trimestre de 2021, concentrando ainda 89,73% das vendas goianas de soja em grão e 69,70% das exportações de carne bovina congelada, segundo item na pauta de vendas externas do Estado. Mas a concentração vai além, o que deveria gerar algum tipo de preocupação dos formuladores de políticas para o comércio exterior.
  • Aos dados, então. Goiás havia exportado para o mercado chinês US$ 804,500 milhões nos três meses iniciais de 2021, valor ampliado para US$ 1,563 bilhão no mesmo período deste ano, num salto de 94,24%. A China, de outro lado, importou US$ 250,008 milhões entre janeiro e março deste ano, o que se compara com US$ 149,832 milhões em igual período de 2021, significando alta de 66,86%.
  • O saldo comercial entre o Estado e os chineses literalmente dobrou, pulando de US$ 654,668 milhões para algo muito próximo de US$ 1,313 bilhão. Dito de outra forma, a China foi responsável por 83,47% do superávit comercial goiano. A soja em grão sozinha respondeu por 77,39% das exportações totais para a China, somando vendas de US$ 1,209 bilhão, o que representou um crescimento de 115,16% frente aos US$ 562,054 milhões exportados nos três primeiros meses do ano passado.
  • As vendas goianas de carne bovina congelada para o mercado chinês cresceram 58,90%, subindo de US$ 161,992 milhões para US$ 257,398 milhões. Olhando todo o mercado global, as vendas externas de carne congelada cresceram 64,64%, subindo de US$ 224,317 milhões para US$ 369,317 milhões.
  • Entre os 10 produtos mais exportados pelo Estado, a única exceção ficou por conta das vendas de carnes de aves, que encolheram 1,83%, caindo de US$ 84,184 milhões para US$ 82,642 milhões. Os volumes murcharam 9,78%, para 41,376 mil toneladas, o que foi parcialmente compensado pela alta de 8,82% nos preços médios dos produtos exportados. As exportações de ferro-ligas também perderam em volume, com queda de 17,82%, mas seus preços subiram 47,72%, o que fez a receita de exportação aumentar 21,40%, de US$ 198,107 milhões para US$ 240,507 milhões.