Bens exportados por Goiás sobem mais do que preço dos importados

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 12 de abril de 2022

A queda vertical nas compras de energia importada pelo Estado trouxe como “efeito colateral” uma melhora nos chamados “termos de troca”, com maior valorização das exportações diante de uma elevação proporcionalmente mais reduzida no preço médio dos bens importados por Goiás ao longo dos três primeiros meses deste ano. Essa melhoria, em tese, tende a se traduzir na transferência proporcionalmente maior de renda do exterior para a economia doméstica. Na prática, como as altas de preços estão concentradas nos setores exportadores de commodities agrícolas e minerais, aquele ganho de renda potencial tende igualmente a ter efeitos mais limitados para o conjunto da economia.

Conforme já observado neste espaço, as exportações goianas foram recordes no primeiro trimestre deste ano, atingindo US$ 3,065 bilhões e crescendo nada menos do que 69,41% frente aos mesmos três meses do ano passado. As vendas externas de soja em grão, óleo e farelo foram responsáveis por quase 72,0% desse crescimento. O avanço em valor refletiu um aumento de 43,57% nos volumes embarcados, saindo de 2,708 milhões para 3,888 milhões de toneladas, e ainda uma elevação de 18,0% nos preços médios dos produtos exportados, com saltos de 33,64% para a soja em grão, 21,79% para a carne bovina congelada, de 47,72% para ferro-ligas, 44,8% para o óleo de soja, 20,12% para a tonelada de milho exportada e ainda 12,60% no caso do farelo de soja. O ciclo de alta das commodities, como já anotado, guarda relação ainda com os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia no mercado internacional.

No lado das importações, o crescimento foi mais modesto, com variação de 9,52%, saindo de US$ 1,362 bilhão para US$ 1,492 bilhão (novo recorde nominal). As estatísticas oficiais registram uma elevação de 3,17% nos volumes importados, de 929,561 mil para 959,005 mil toneladas, e alta de 6,16% para o custo médio dos produtos importados. Como se percebe, a variação média dos preços dos bens importados equivaleu, em grandes números, a perto de um terço da alta experimentada pelo valor médio dos produtos exportados.

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Efeito preço

Entre outros fatores, a diferença no comportamento daqueles preços parece estar relacionada à queda na entrada de energia importada da Argentina e do Uruguai. Para comparar, o Estado havia importado o correspondente a US$ 458,350 milhões para trazer energia daqueles dois países no primeiro trimestre do ano passado, gasto reduzido em 63,2% no mesmo período deste ano, para US$ 168,952 milhões. Embora o custo médio dos adubos importados tenha experimentado salto de 141,30% naquela comparação, o efeito dessa alta foi parcialmente amenizado pelas quedas de 44,9% e de 57,2% nos custos médios dos medicamentos importados e, na sequência, nos preços dos produtos incluídos no grupo “combustíveis minerais, óleos minerais e produtos da sua destilação; matérias betuminosas; ceras minerais”, que também contempla a energia elétrica.

Balanço

  • A combinação de todos aqueles fatores produziu aquela melhoria nos termos de troca, embora os números continuem um tanto desfavoráveis aos produtos goianos. Na média, os preços de venda passaram a representar em torno de 50,7% do custo dos bens importados. Mas a relação havia sido ainda pior em 2021, sempre considerando o primeiro trimestre, quando o valor médio dos bens exportados havia representado 45,6% do custo médio dos importados.
  • As mudanças nos preços relativos podem ainda estar associadas às características dos bens exportados e importados. No caso dos produtos farmacêuticos, por exemplo, os volumes importados aumentaram fortemente, com salto de 76,65%, com queda drástica nos preços médios. Esse comportamento pode estar relacionado com a compra no exterior de insumos e produtos de menor valor agregado, contribuindo para uma relação de trocas menos desequilibrada.
  • Como parte da estratégia de interiorização de sua operação no País, o Santander decidiu ampliar os polos de atendimento dedicados no Centro-Oeste a pequenas e médias empresas com faturamento anual entre R$ 3,0 milhões e R$ 30,0 milhões, ampliando o número de polos na região de cinco para 12, conforme Eugênio Godoy, superintendente executivo da Rede Centro-Oeste do Santander Brasil.
  • Ainda no prato das importações, as compras de adubos foram determinantes para o avanço das importações totais. O Estado gastou US$ 461,279 milhões para importar adubos e fertilizantes nos três primeiros meses deste ano, algo como 30,9% das compras externas totais. Comparadas ao mesmo período do ano passado, registrou-se crescimento de 161,03%. Excluídos os adubos, as demais importações caíram 13,06% como reflexo do tombo nas compras de energia. Excluídos adubos e energia, os demais setores da economia ampliaram suas importações em 18,5%, de US$ 727,217 milhões para US$ 861,721 milhões.
  • Já em operação em Cuiabá, Campo Grande, Uberlândia, Uberaba e Goiânia, os polos serão instalados em Rio Verde, Itumbiara, Catalão, Araguari (MG), Palmas (TO) e Dourados (MS), com a capital de Goiás ganhando seu segundo polo. Cada um daqueles polos reúne especialistas em soluções financeiras para empresas de médio e pequeno porte, operando sem limites de crédito previamente fixados. “A intenção é ampliar muito o crédito para investimentos e tornar-se ainda o principal banco no financiamento do fluxo de caixa das empresas, com linhas para antecipação de recebíveis e também para a folha de pagamento”, resume Godoy.
  • A economia no interior do País, na sua visão, tem respondido com maio vigor, especialmente nas regiões com forte presença do agronegócio, a exemplo do Centro-Oeste. O modelo de atendimento formatado para os polos prevê “tratamento customizado e uma relação mais próxima com o cliente”, diz Godoy. Para ele, “esse contato pessoal agrega muito valor à empresa e é um modelo que gera mais de satisfação ao cliente”.