Biocombustíveis puxam desembolsos do BNDES em Goiás 3º trimestre do ano

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 25 de novembro de 2021

O terceiro trimestre deste ano concentrou praticamente metade dos desembolsos totais realizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)em Goiás nos nove primeiros meses deste ano, concentrados nos setores agropecuário e na indústria, mas com queda acentuada nas áreas de infraestrutura e de comércio e serviços. Os dados do banco para o Estado mostram um total de desembolsos próximo a R$ 590,649 milhões entre julho e setembro deste ano, o que se compara com R$ 422,774 milhões em igual trimestre de 2020, numa alta de 39,71% em valores nominais.

O forte incremento foi influenciado principalmente pelo avanço dos empréstimos contratados pela indústria, por sua vez determinado por quatro projetos de produção de biocombustíveis (três em Quirinópolis e um em Rubiataba) e outros dois projetos para a produção de alimentos em Itaberaí. O setor industrial recebeu uma injeção de pouco menos do que R$ 222,664 milhões no terceiro trimestre, representando 37,7% do total de desembolsos. Na comparação com igual trimestre do ano passado, quando a indústria havia recebido R$ 24,095 milhões em recursos do banco de fomento, significando um salto de 824,41%. Mais de dois terços dos recursos contratados no terceiro trimestre deste ano foram destinados à indústria de biocombustíveis, que recebeu R$ 142,20 milhões, diante de apenas R$ 208,181 mil em igual período do ano passado. Os quatro projetos que receberam financiamentos do BNDES foram responsáveis ainda por 71,5% do incremento registrado no trimestre por todo o setor industrial.

Alimentos e minérios

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A indústria de produtos alimentícios, que havia registrado a liberação pelo banco de R$ 2,040 milhões, em valores arredondados, contratou e recebeu entre julho e setembro deste ano R$ 57,953 milhões, crescendo 2.741% no período. Mas 84,4% desse valor foram destinados a apenas três projetos, sendo dois maiores em Itaberaí (R$ 44,041 milhões) e outro de porte mais reduzido em Rio Verde (R$ 4,896 milhões).O setor de extração mineral igualmente anotou variação vigorosa entre os dois trimestres analisados, mas, neste ano, os recursos beneficiaram um único projeto, localizado em Barro Alto, região produtora de níquel, bauxita, ouro e outras substâncias. A mineração havia contratado apenas R$ 1,432 milhão no terceiro trimestre do ano passado e levantou R$ 8,208 milhões no mesmo intervalo deste ano, crescendo 473,4% (mas um crescimento enganoso, já que diz respeito a uma única operação, contratada em agosto). Esse mesmo projeto explica em grande medida o aumento de 93,1% experimentado pelos desembolsos do BNDES para o setor extrativo nos primeiros nove meses deste ano, chegando a R$ 11,174 milhões frente a R$ 5,787 milhões acumulados entre janeiro e setembro de 2020.

Balanço

  • Turbinada pelo ciclo de alta nos preços internacionais das commodities, a agropecuária concentrou 48,3% dos desembolsos do BNDES no Estado no terceiro trimestre deste ano, com R$ 285,290 milhões contratados e alta de 35,76% em relação ao mesmo período de 2020, com R$ 210,138 milhões liberados. O setor registrou a entrada de R$ 75,152 milhões a mais, portanto, e contribuiu com 44,77% para todo o aumento observado pelos desembolsos no trimestre.
  • Entre os grandes setores da economia, comércio e serviços contrataram R$ 66,198 milhões a menos, com os desembolsos desabando de R$ 115,993 milhões no terceiro trimestre de 2020 para R$ 49,795 milhões no mesmo período deste ano, num tombo de 57,07%. As maiores baixas foram registradas nos segmentos de atividades imobiliárias, profissionais e administrativas e pelo comércio.
  • No primeiro caso, os desembolsos caíram 31,85%, saindo de R$ 16,512 milhões para R$ 11,254 milhões. Os desembolsos para o comércio encolheram de R$ 52,357 milhões para R$ 24,306 milhões, despencando 53,58%. Ao longo dos nove meses iniciais deste ano, comparado a idêntico período de 2020, o setor de comércio e serviços anotou baixa de 42,63% nos desembolsos, de R$ 311,308 milhões para R$ 178,609 milhões.
  • Setor estratégico para quaisquer pretensões de crescimento sustentado e de longo prazo, a infraestrutura sofreu corte de mais da metade no total de recursos recebidos. Os desembolsos caíram de R$ 72,548 milhões para R$ 32,901 milhões, num tombo de 54,65% entre o terceiro trimestre de 2020 e o mesmo período deste ano. No setor de eletricidade, houve crescimento de 74,94%. Mas os valores são baixos e passaram de R$ 849,52 mil para R$ 1,486 milhão. Mas o setor de transporte experimentou baixa de 56,44%, com os desembolsos caindo de R$ 69,881 milhões para R$ 30,441 milhões, resumidos em apenas quatro projetos de transporte rodoviário.
  • No acumulado entre janeiro e setembro, no entanto, os desembolsos permaneciam ligeiramente abaixo dos valores desembolsados nos mesmos noves meses de 2020, recuando de R$ 1,191 bilhão para R$ 1,182 bilhão (-0,76%). O desempenho foi influenciado pelo tombo de 52,24% nos recursos destinados à infraestrutura, reduzidos de R$ 188,076 milhões para R$ 89,819 milhões. E também pela retração observada no setor de serviços e comércio, como visto.
  • Na indústria, também no acumulado dos primeiros nove meses, os desembolsos mais do que triplicaram, saltando de R$ 70,117 milhões para R$ 264,013 milhões, fundamentalmente em função de meia dúzia de projetos (quatro no setor de biocombustíveis e dois na indústria alimentícia).