Bolsonaro preso pode ser o símbolo da direita ou cair no ostracismo
Em círculos políticos e da velha mídia, já se discute o futuro do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos bolsonaristas. Isto porque seu julgamento tornou-se um ato político com o objetivo de varrer da vida pública brasileira qualquer traço que lembre sua existência. Até porque, a esta altura dos acontecimentos, o STF não vai recuar deste objetivo. Se bambear a corda esticada, Alexandre de Moraes e o STF perdem força e passam a ideia para a patuleia do andar de baixo de que os bolsonarista e a direita estão certos.
Os bolsonaristas erraram na estratégia de emparedar Alexandre de Moraes e o Supremo, embora a maioria da população reconheça nas decisões da Corte uma perseguição politica. Só que o envolvimento direto do presidente Donald Trump no embrulho dificulta uma negociação para os dois lados. Mas, a fervura entrou em ebulição: nem os EUA recuam e muito menos Alexandre de Moraes. Quanto mais Trump aperta o nó contra os ministros, mais eles descontam na direita, principalmente em Bolsonaro. Com isso, a tensão se encontra em nível de ruptura com o STF, via TSE, pronto para ‘caçar’ – com cê cedilha mesmo – as principais lideranças de oposição defensoras de Bolsonaro.
Segundo se ouve na quase modorrenta Esplanada dos Ministérios, neste final de recesso parlamentar, Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer, influenciadores digitais do bolsonarismo, estão na alça de mira para serem julgados e suas candidaturas em 2026, cassadas. Nesta toada e com o País dividido, a prisão de Bolsonaro é pule de dez. Concluída esta fase, seus adversários acreditam que, preso e incomunicável, seus seguidores vão desaparecer e tudo voltará ao normal. Agora, se Donald Trump pular mais uma casinha, o ex-presidente pode virar o símbolo de resistência da direita brasileira.
Prisão e esquecimento
Alguns juristas conjecturam sobre a prisão de Jair Bolsonaro, Para os petistas radicais, ele deve ser jogado em uma masmorra do sistema carcerário brasileiro. Para os menos radicais, prisão em um quartel. No entanto, advogados acreditam que, por questões de saúde e pela repercussão, ele deve ser enclausurado em casa, mesma ‘prisão’ que o ex-presidente Fernando Collor se encontra. Seja uma outra forma de prisão, muitos aliados com o tempo vão sumir, acreditam os petistas.
Anistia longe demais
A tão sonhada pauta da anistia até pode ser colocada em votação no Plenário, mas a pressão do PT e do Supremo vai derrotá-la com ou sem ajuda de Donald Trump. O Senado poderia ser um freio de arrumação para restaurar o equilíbrio entre os Poderes, mas os 11 magistrados do STF derrubariam. O presidente da Casa Revisora da República, Davi Alcolumbre (União Brasil), tem o pé na porta para impedir qualquer movimento nessa direção e muitos senadores estão na mira da Justiça.
Quem mesmo?
O que esperar de um Congresso, principalmente do Senado, que, salvo honrosas exceções, as excelências estão penduradas na espada do STF por algum processo ou devendo favores ao Executivo? Então, essa cena de uma comissão de senadores nos EUA para negociar uma trégua sobre a taxação de 50% aos produtos brasileiros exportados soa como turismo às custas do contribuinte. Se nem dialogar com Alexandre de Moraes conseguem, imagina com Donald Trump! O máximo que a agenda deles conseguiu foi reunião com representantes de empresas americanas com negócios no Brasil. Turismo puro!
Cargo perpétuo
Sobre o Congresso Nacional, vale recordar a escritora Nélida Piñon (1934-2022), numa entrevista em 2017 ao Canal ‘Um Brasil’, onde fez leitura precisa sobre os representantes do povo: “O País vive um momento em que todas as decisões são tomadas à revelia da vontade popular, em benefício das fortunas e das famílias poderosas que lá [Congresso Nacional] se perpetuam. Hoje você não vai para o poder público para servir, mas para enriquecer, e isso já é algo automatizado, quase que legitimado”.