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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
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Campos Neto ajuda a açular o “terrorismo fiscal” dos mercados

Afinal, o que se espera de uma “autoridade monetária”? Uma atuação firme em relação aos mercados, freando manipulações e jogadas especulativas. Bom-senso e ponderação, diante de cenários de adversidades e de acirramento de ânimos. Enfim, uma visão equilibrada e desapaixonada da conjuntura e de seus desdobramentos à frente. Pois a fala mansa e aparentemente desprovida […]

Afinal, o que se espera de uma “autoridade monetária”? Uma atuação firme em relação aos mercados, freando manipulações e jogadas especulativas. Bom-senso e ponderação, diante de cenários de adversidades e de acirramento de ânimos. Enfim, uma visão equilibrada e desapaixonada da conjuntura e de seus desdobramentos à frente. Pois a fala mansa e aparentemente desprovida de motivações sinistras do presidente do Banco Central do Brasil (BCB), Roberto Campos Neto, na segunda-feira, 15, açulou os ânimos, acirrou a especulação e sacudiu os mercados num momento já delicado em função do risco de uma escalada do conflito entre Israel e Irã, que poderá levar ao envolvimento das grandes potências globais, diante da falta de clarividência no governo dos Estados Unidos.

Na verdade, Campos Neto fez o que sempre fez desde a mudança de governo, atuando para inflar o “anarco-terrorismo-fiscal” que predomina nos mercados e na grande imprensa. Candidamente, o presidente do BC comentou que a mudança nas metas fiscais, já reconhecidamente inexequíveis dado o tamanho do sofrimento a ser imposto à toda a população para seu cumprimento, tornaria mais complicado o trabalho da “autoridade monetária”. Traduzindo, a troca de um superávit mínimo pela meta de déficit zero em 2025 obrigaria o BC a manter os juros nas nuvens e, quem sabe, talvez até mesmo a elevá-los mais adiante, por conta da falsa “insegurança fiscal” gerada pela decisão da equipe econômica.

Quer dizer, o governo anunciou que pretende zerar o déficit apenas no próximo ano e essa previsão significaria um fim do mundo como o conhecemos. O mais provável é que o arrocho exigido para alcançar aquele resultado traga de fato efeitos amplamente negativos sobre a atividade econômica e, ainda mais grave, para o financiamento da saúde, da educação e de outros serviços públicos essenciais para os mais pobres, precisamente para aqueles que não participam da “farra” diária dos juros altos no cassino do mercado financeiro.

Contraproducente

A atuação do presidente do BC tem sido contraproducente na medida em que estimula um clima de insegurança que favorece a alta do dólar, o que tende a pressionar os preços em geral na economia, gerando mais inflação, num efeito precisamente contrário ao desejável, especialmente sob o ponto de vista da “autoridade monetária”. Os “alertas” de Campos Neto, neste sentido, acabam se tornando profecias auto-realizáveis, já que o eventual incremento de pressões inflacionárias levaria o BC a retomar a elevação dos juros básicos a pretexto de segurar uma inflação piorada pela retórica altamente inflamável de seu presidente.

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