Candidatura de Bia Kicis ao Senado é senha para voo nacional de Michelle
O anúncio oficial da deputada federal Bia Kicis (PL-DF), nesta terça-feira (11), de que vai disputar o Senado na base do governador Ibaneis Rocha (MDB), era cantado desde o momento em que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro passou a liderar as pesquisas para presidente da República. Ora na frente do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (REP), noutras empatada com o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), mas sempre lembrada como cabeça de chapa ou para vice. Antes dessa arrancada, a versão era que Michelle seria candidata ao Senado no DF, onde lidera as pesquisas com folga, seguida pelo governador Ibaneis Rocha.
No entanto, tudo mudou a partir do momento em que o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto (SP), e o do PP, senador Ciro Nogueira (PI), fecharam um acordo para unir a direita em torno de Celina Leão (PP). Com a entrada de Bia na base governista, a estratégia fica nítida: Bia Kicis ocupa vaga de Michelle na disputa para o Senado e o PL continua dentro da aliança de Ibaneis e Celina. Não só isso, clareou o cenário da direita no DF e revela a senha de que Michelle entra na corrida presidencial, seja para encabeçar a chapa ou na vaga de vice.
Esse arranjo mostra que o MDB do presidente nacional da legenda, deputado federal Baleia Rossi (SP), e do prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes, vai apoiar Tarcísio, tanto para a reeleição ou para presidente da República. Mas ainda tem uma equação para ser resolvida: o que fazer com o presidente da federação União Brasil e PP, Ciro Nogueira? Ele trabalha o tempo todo para segurar o Centrão no apoio a um candidato de Jair Bolsonaro e, claro, ‘cavar’ a vaga de vice. Essa encrenca será mais um desafio para a direita e centro-direita resolver, sem contar que nessa equação entram Ratinho Júnior, Ronaldo Caiado e Romeu Zema.
Vaga para o Senado ainda é de Michelle
O que não faltam são especulações sobre o futuro de Michelle Bolsonaro. Isto porque, mesmo com um capital político nacional que, neste momento, é um grande ativo de votos, a última palavra sobre o caminho político de Michelle será do líder do clã bolsonarista. Se ele seguir o plano inicial de ter uma grande bancada no Senado a partir de 2027, não será surpresa Michelle disputar a vaga pelo DF. Nesse caso, Bia disputaria a reeleição com chances de ser a mais bem votada entre os eleitos para a Câmara Federal em 2026.
O que fazer com…
… o senador Izalci Lucas (em fim de mandato) e o deputado federal Alberto Fraga? Nessa composição do PL com o governador Ibaneis Rocha (MDB) para apoiar Celina Leão, Izalci não terá espaço para disputar a reeleição. No caso de Fraga, a questão é mais emblemática: ele é um crítico da gestão no DF e não teria como se manter na base. O puxador de votos para federal, José Roberto Arruda, deixou o PL e tenta viabilizar sua candidatura a governador.
Vida curta no PSD
Pelas declarações do presidente do PSD em Goiás, senador Vanderlan Cardoso, o ex-prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, e sua mulher, Mayara, terão uma breve passagem pela legenda. A encrenca está na formação de chapa para a eleição de 2026. Isto porque Mendanha quer disputar o Senado, mas, segundo Vanderlan, o compromisso de Mendanha é com Daniel Vilela (MDB).
Perdeu protagonismo
Historicamente, Anápolis sempre teve papel de destaque no cenário político goiano, mas desde a gestão do ex-prefeito Roberto Naves (Republicano) que a cidade deixou de ser referência entre as mais influentes. Veio a eleição e o empresário Márcio Corrêa (PL) venceu a disputa no segundo turno e tomou posse com discurso de renovação nos costumes e no conceito de gestão. No entanto, Márcio não mostra interesse em resgatar o protagonismo político da cidade.
Gestão centralizadora
Anápolis sempre foi um celeiro de grandes lideranças e hoje, prestes a alcançar os 400 mil habitantes e 300 mil eleitores, pode exercer um papel determinante nas eleições gerais de 2026. Mas, se continuar com as lideranças dispersas e sem um objetivo de poder definido, esse ativo de votos e importância estratégica tende a ser apenas uma lembrança do passado. Está na hora de o prefeito acordar para a política e descentralizar a gestão, sob pena de cair na vala comum e resgatar no inconsciente da população o antecessor.
Na cola dos bolsonaristas – Para tristeza dos bolsonaristas, o PGR Paulo Gonet foi aprovado no Senado para mais 2 anos no cargo. O placar de 45 a favor e 26 contra mostra que tem uma boa parcela de senadores que não agitou bandeirinhas para Gonet e muito menos bate palmas.