China continua a concentrar 71,8% do superávit comercial do Estado

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 19 de outubro de 2023

A participação do mercado chinês nas exportações originadas em Goiás e no superávit comercial do Estado manteve-se excessivamente elevada ao longo dos nove primeiros meses deste ano, o que pode ser um complicador mais adiante, na hipótese de um desaquecimento mais acentuado da economia chinesa mais adiante. Destino de pouco mais da metade das vendas externas estaduais, a China respondeu por 71,83% do saldo total entre exportações e importações considerando os valores acumulados entre janeiro e setembro deste ano, praticamente repetindo a fatia observada em igual período do ano passado.

O superávit comercial do Estado com a China cresceu quase 9,0% em relação ao ano passado, saindo de alguma coisa levemente inferior a US$ 4,60 bilhões para US$ 5,013 bilhões sempre nos números acumulados ao longo dos nove meses iniciais de 2022 e igual intervalo deste ano. Como se recorda, o superávit goiano total cresceu de US$ 6,403 bilhões para US$ 6,980 bilhões entre os mesmos períodos, variando 9,05%. O saldo com todos os demais países cresceu na mesma proporção, numa evolução ligeiramente acima de 9,0%, com o resultado líquido entre exportações e importações elevando-se de US$ 1,803 bilhão para US$ 1,966 bilhão.

A diferença foi construída, no caso chinês, por uma modesta variação positiva das vendas externas e uma retração relevante nas compras de produtos chineses pelas empresas instaladas no Estado. Impulsionadas pelo milho, as exportações goianas para a China contrariaram a tendência geral apresentada pelas vendas externas realizadas a partir do Estado e chegaram a avançar na comparação com os valores acumulados nos nove meses iniciais de 2022. Os chineses compraram, até setembro deste ano, em torno de US$ 5,588 bilhões em produtos goianos, particularmente soja em grão, que sozinha respondeu por 77,0% do total de embarques com destino ao mercado da maior economia oriental.

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O impulso do milho

Aquele valor significou um crescimento muito modesto de 1,67% em relação a um total de US$ 5,496 bilhões exportados nos mesmos nove meses do ano passado. Houve um ganho, portanto, de US$ 91,648 milhões – lembrando que as exportações totais do Estado sofreram baixa de 5,68% e perda de US$ 636,138 milhões. Em busca de ração para suas criações, sobretudo de suínos, setor que passou por um processo acelerado de profissionalização desde a crise gerada pela peste suína africana, que havia devastado os rebanhos do país entre 2018 e 2019, as compras de milho pela China atingiram US$ 307,155 milhões entre janeiro e setembro deste ano, representando 38,7% de toda a exportação do cereal por Goiás. Em volumes, os embarques destinados a portos chineses somaram 1,334 milhão de toneladas (42,5% de todo o milho exportado por Goiás). Até o ano passado, os chineses não compravam milho goiano.

Balanço

  • As exportações goianas de soja em grão, produto que respondeu por 77,0% de todas as vendas goianas para o mercado chinês nos nove primeiros meses deste ano, saindo de 81,6% no mesmo intervalo de 2022, entraram em baixa, mas ainda concentram uma fatia generosa das exportações totais do Estado nesta área. Comparando os dois períodos, as vendas do grão para a China recuaram de US$ 4,485 bilhões para US$ 4,303 bilhões, num recuo de 4,06%.
  • Como na soma geral as vendas externas de soja encolheram 6,62%, saindo de US$ 5,334 bilhões para US$ 4,981 bilhões, a participação do grão destinado ao mercado chinês elevou-se de 84,08% para 86,38%. Em outros termos, todo o restante do mundo absorveu 13,62% da soja exportada por Goiás entre janeiro e setembro deste ano.
  • As exportações goianas de carne bovina resfriada e congelada, acrescidas de miúdos bovinos, no total, anotaram baixa de 9,08% em relação aos primeiros nove meses de 2022, saindo de US$ 1,155 bilhão para US$ 1,050 bilhão. O mercado chinês foi responsável por 84,1% da queda observada. As vendas goianas para aquela região caíram 12,58%, encolhendo de US$ 701,273 milhões (ou 60,71% das exportações totais de carne bovina) para US$ 613,076 milhões, com a participação chinesa recuando para 58,38%.
  • Como compensação, as exportações de açúcar para aquele mercado cresceram pouco mais de duas vezes e meia entre 2022 e 2023, sempre entre janeiro e setembro. No ano passado, os dados oficiais registram embarques de US$ 22,280 milhões, valor elevado para US$ 56,753 milhões neste ano, num salto de 154,73%.
  • Neste caso, a participação chinesa não chega a ser tão relevante, ficando abaixo de 15,0%. No total, Goiás exportou neste ano perto de US$ 380,983 milhões, o que representou um incremento de 55,43% em relação aos US$ 245,113 milhões exportados nos mesmos nove meses de 2022.
  • As importações de produtos chineses desabaram 36,14%, num tombo mais acentuado do que a redução de 25,24% registrado para as compras externas totais realizadas pelo Estado entre janeiro e setembro deste ano. As compras originadas na China caíram de US$ 898,971 milhões para US$ 574,051 milhões, com o país oriental reduzindo sua participação na pauta goiana de importações para algo perto de 16,0% diante de 18,7% em 2022.
  • Sete itens responderam por quase 94,0% da redução anotada pelas estatísticas: veículos, tratores, suas partes e peças, com baixa de 7,3% (de US$ 186,354 milhões para US$ 172,716 milhões); adubos, num tombo de 57,8% (de US$ 182,018 milhões para US$ 76,872 milhões); produtos químicos orgânicos, numa retração de 46,2% (saindo de US$ 134,894 milhões para US$ 72,622 milhões); máquinas e aparelhos mecânicos, em queda de 25,4% (de US$ 78,666 milhões para US$ 58,719 milhões); máquinas e aparelhos elétricos, numa redução de 47,7% (de US$ 90,806 milhões para US$ 47,518 milhões); produtos farmacêuticos, num tombo de 69,1% (de US$ 36,933 milhões para US$ 11,413 milhões); e produtos diversos da indústria química, que sofreram baixa de 60,5% (de US$ 57,721 milhões para US$ 22,791 milhões).
  • Para facilitar as contas, esse grupo de sete itens teve suas compras reduzidas pelas empresas do Estado de US$ 767,392 milhões para US$ 462,651 milhões, em redução de 39,71%.