Consultas e aprovações do BNDES disparam em Goiás. E desembolso cai

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 14 de maio de 2024

Ainda referentes aos três meses iniciais deste ano, os dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sinalizam a perspectiva de melhoria no comportamento dos desembolsos em Goiás para o restante do ano, a despeito dos números negativos registrados no período. Entre outros motivos, porque os valores dos projetos aprovados e das consultas realizadas pelas empresas ao banco de fomento dispararam na comparação com o primeiro trimestre do ano passado. Em valores ainda não corrigidos pela inflação, o BNDES chegou a desembolsar R$ 689,550 milhões entre janeiro e março do ano passado, total reduzido para R$ 567,996 milhões nos mesmos três meses deste ano, apontam redução de 17,63% – queda mais concentrada no setor industrial e nas contratações realizadas por empresas de grande porte.

O desempenho dos desembolsos parece associado à retração de 11,2% no total das aprovações entre 2022 e 2023, que saíram de R$ 6,40 bilhões para R$ 5,681 bilhões em dados aproximados. Numa virada na tendência baixista experimentada no ano passado, as aprovações cresceram 45,04% no primeiro trimestre deste ano frente a idêntico período de 2023, subindo de R$ 615,590 milhões para R$ 892,868 milhões, sob liderança do setor industrial e de micro, pequenas e médias empresas. O incremento sugere a possibilidade de retomada dos desembolsos mais à frente, caso as empresas continuem demonstrando o mesmo apetite para colocar de pé os projetos aprovados.

Por setor de atividade, as aprovações destinadas à indústria saltaram pouco mais de 524% entre um trimestre e outro, avançando de apenas R$ 50,0 milhões para algo em torno de R$ 313,0 milhões. O setor de comércio e serviços, na classificação do BNDES, tiveram aprovados perto de R$ 139,8 milhões no primeiro trimestre deste ano, o que se compara com R$ 89,0 milhões em idêntico intervalo do ano passado, numa alta de 57,3% na mensuração do banco. A agropecuária e o setor de infraestrutura, no entanto, tiveram as aprovações reduzidas em 3,8% e em 15,8% respectivamente, saindo de R$ 323,0 milhões para R$ 310,7 milhões e de R$ 154,0 milhões para R$ 129,4 milhões na mesma ordem.

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Indústria e infraestrutura

Ainda na indústria, enquanto o setor de alimentos e bebidas em mais de 40 vezes o valor das aprovações, de apenas R$ 7,0 milhões para R$ 287,0 milhões, a indústria química e petroquímica teve suas aprovações reduzidas quase pela metade, desabando de R$ 22,0 milhões para qualquer coisa ao redor de R$ 11,0 milhões. A queda das aprovações para projetos de infraestrutura esteve mais relacionada ao comportamento negativo de segmentos como serviços de utilidade pública (energia elétrica, saneamento e lixo, por exemplo), atividades auxiliares ao transporte, construção e telecomunicações. Em conjunto, aqueles setores tiveram as aprovações reduzidas de R$ 46,0 milhões para R$ 9,4 milhões, numa redução de 79,6%. Em direção oposta, as aprovações para o financiamento de projetos de transporte rodoviário aumentaram de R$ 108,0 milhões para R$ 120,0 milhões, crescendo em torno de 11,2%.

Balanço

  • De acordo com o BNDES, o número de negócios com projetos aprovados avançou em torno de 6,8% entre os trimestres analisados, avançando de 667 para 712 clientes. As aprovações para micro, pequenas e médias empresas subiram em torno de 94% no período, atingindo R$ 537,5 milhões, representando 60,2% do total desse tipo de operação.
  • O crescimento das aprovações em Goiás, no entanto, foi menor do que aquele observado para a região Centro-Oeste e para o País como um todo. Os valores dobraram na região, atingindo R$ 3,8 bilhões, dos quais em torno de 63% ou R$ 2,4 bilhões reservados para micro, pequenas e médias empresas.
  • “No primeiro trimestre do ano, o BNDES apoiou 3.024 negócios na região, 40,6% a mais que no mesmo período de 2023”, registra o banco. “Retomamos a missão do BNDES de promover o desenvolvimento do País, em todas as regiões, contribuindo para o fortalecimento dos negócios e a geração de emprego e renda”, comentou o presidente do banco, Aloizio Mercadante, ao divulgar as estatísticas operacionais da instituição.
  • No total, considerando as aprovações em todo o País, os valores cresceram 90,86% entre os primeiros três meses do ano passado e o mesmo trimestre deste ano, subindo de R$ 12,943 bilhões para R$ 24,703 bilhões, no melhor resultado em 10 anos, favorecendo 42.737 negócios (61,7% mais do que as 26.427 operações realizadas entre janeiro e março de 2023).
  • As aprovações aumentaram em 50% no setor agropecuário, para R$ 6,8 bilhões, avançando 65% no setor de comércio e serviços (para R$ 4,4 bilhões), 97% na área de infraestrutura (somando R$ 6,6 bilhões) e 189% na indústria, para R$ 6,8 bilhões.
  • As consultas, no entanto, registraram números reativamente melhores em Goiás, num salto de 71,62% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Na média do País, o crescimento ficou em 67,81%, com as consultas subindo de R$ 36,379 bilhões para R$ 61,046 bilhões, o que demostra um aparente aumento na disposição das empresas para investimentos. No Estado, as consultas ao BNDES saíram de R$ 748,140 milhões para aproximadamente R$ 1,284 bilhão.
  • A indústria goiana multiplicou em 10,4 vezes o valor das consultas realizadas ao banco de fomento, de R$ 54,0 milhões para R$ 563,0 milhões, com saltos de 261,0 vezes no setor de química petroquímica (de R$ 1,0 milhão para R$ 261,0 milhões) e de 41,0 vezes no setor de alimentos e bebidas (de R$ 7,0 milhões para R$ 287,0 milhões). Comércio e serviços elevaram as consultas em 175,3%, saindo de R$ 89,0 milhões para R$ 245,0 milhões. Mas agropecuária e infraestrutura tiveram os valores das consultas reduzidos em 3,7% e pouco mais de 40% (de R$ 323,0 milhões para R$ 311,0 milhões e de R$ 282,0 milhões para R$ 166,0 milhões, respectivamente).