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quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Desafios (e oportunidades) do envelhecimento dos brasileiros

A participação das pessoas com 65 anos ou mais de idade na população total deverá crescer quatro vezes entre 2012 e o começo dos anos 2060, saltando de 7% para 28%

Foto reprodução | Canva

A participação das pessoas com 65 anos ou mais de idade na população total deverá crescer quatro vezes entre 2012 e o começo dos anos 2060, saltando de 7% para 28%, na projeção do superintendente executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), José Cechin. “Vamos atingir aquela proporção antes que França, Reino Unido, Suécia e Estados Unidos, numa velocidade de envelhecimento extraordinariamente rápida”, registra o ex-ministro da Previdência Social.

Em média, observa Gleisson Rubin, diretor do Instituto de Longevidade MAG, o número de crianças e adolescentes vem diminuindo a uma taxa de 500 mil pessoas por ano, enquanto o contingente com 60 anos ou mais aumenta em 1,0 milhão anualmente. “O primeiro e maior desafio é conseguir reagir a um processo tão veloz”, considera ele. Ao longo dos anos, esse processo vai impor uma curva de crescimento mais vigoroso nas despesas com saúde, que deve avançar em formato de “jota”, na estimativa de Cechin, para quem a sociedade brasileira “não tem discutido o tema de forma adequada e nem suficiente e, portanto, não está se preparando para isso”.

Os dados mais desagregados sugerem que o impacto será tão mais severo quanto maior a idade dos beneficiários do sistema de saúde. Enquanto a população de 59 anos ou mais tende a crescer 125% até 2060, chegando a 77,0 milhões de pessoas, as faixas de 70 a 79 anos e de 80 a 89 anos deverão avançar 152% e 298% respectivamente, de acordo com Cechin. Os dados da União Nacional Instituições Autogestão em Saúde (Unidas), acrescenta ele, mostram que a despesa per capita com assistência aos idosos com 80 anos ou mais é praticamente quatro vezes mais elevada do que os valores gastos com a população de 55 a 59 anos. Uma opção, considerando o segmento de planos privados de saúde, pode estar na criação de alguma forma de poupança voluntária e “possivelmente incentivada”, sugere Cechin, que permita aos usuários custearem, mais adiante, metade do custo de um plano, num exemplo.

Políticas públicas

Todo o planejamento de iniciativas do Ministério da Saúde nas áreas da atenção primária e da atenção especializada, assim como de ações mais específicas, que demandam serviços mais especializados, já considera a perspectiva de rápido envelhecimento da população e a necessidade de reforçar investimentos e o custeio no atendimento e cuidado à população mais vulnerável, incluindo idosos, segundo Felipe Proenço, secretário de Atenção Primária à Saúde do ministério. “Estamos trabalhando em uma série de iniciativas junto a universidades para organizar políticas públicas e atendimento à população idosa”, reforça ele.

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