Coluna

Desembolsos do BNDES em Goiás caem 5,6% no semestre, com tombo de 41% na indústria

Publicado por: Sheyla Sousa | Postado em: 27 de julho de 2019

Os
desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em
Goiás não conseguiram sustentar o forte rimo apresentado ao longo do primeiro
trimestre do ano e encerraram o primeiro semestre em baixa de 5,58%, puxado
para baixo pelo tombo anotado pela indústria em geral e pelo setor de comércio
e serviços. As estatísticas do banco de fomento mostram um desembolso total de
R$ 740,976 milhões entre janeiro e junho deste ano, frente a R$ 784,751 milhões
nos mesmos seis meses do ano passado. Como no total desembolsado em todo o País
a queda foi mais intensa (-9,4% na mesma comparação), a participação relativa
do Estado nos desembolsos avançou ligeiramente de 2,83% para 2,95%.

Entre
os grandes setores, na classificação do BNDES, a agropecuária e a
infraestrutura experimentaram crescimento no período analisado, com incremento
relativamente mais intenso no primeiro caso, já que os desembolsos para o campo
avançaram 8,07% enquanto, no segundo, a variação nominal alcançou 6,61%. Os
desembolsos para a agropecuária avançaram de R$ 384,592 milhões para R$ 415,630
milhões, o que fez sua participação no total elevar-se de 49,01% para 56,09%.

A
fatia é muitas vezes superior ao peso da agropecuária na economia do Estado,
que superou a faixa dos 12% no dado mais recente divulgado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelo Instituto Mauro Borges de
Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB). Mas igualmente parece reafirmar a
condição do setor como um dos mais dinâmicos na economia estadual, ajudando a
contrabalançar, ainda que parcialmente, a crise no setor da indústria.

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Alta enganosa

Os
desembolsos destinados a financiar projetos de infraestrutura fecharam a
primeira metade do ano em alta, saindo de R$ 200,773 milhões para R$ 214,051
milhões, mas o avanço ficou totalmente concentrado no primeiro trimestre do ano
(quando havia sido observado um salto de 325% frente aos primeiros três meses
de 2018 por conta do aumento nos desembolsos para o setor de energia elétrica).
No segundo trimestre, os recursos liberados pelo BNDES para a infraestrutura
desabaram 62,8%, de R$ 164,824 milhões em 2018 para R$ 61,259 milhões neste
ano. O setor elétrico desta vez puxou os números para baixo, encolhendo 99,4%
(o desembolso despencou de praticamente R$ 100,0 milhões para apenas R$ 617,0
mil no segundo trimestre deste ano, em grandes números). O primeiro trimestre
concentrou 99,2% dos desembolsos até realizados no setor de energia elétrica
pelo banco, que encerraram o semestre em baixa de 26,0% (de R$ 100,96 milhões
para R$ 74,684 milhões).

Balanço

·  
Considerando
os dados acumulados no semestre, no entanto, o aumento relativo dos desembolsos
em infraestrutura deve-se quase que exclusivamente aos segmentos de transporte
rodoviário e outros transportes. Para comparar, o banco não registrou qualquer
desembolso para “outros transportes” nos seis meses iniciais de 2018, mas
liberou R$ 23,622 milhões no primeiro semestre deste ano.

·  
As
rodovias receberam neste ano, até junho, R$ 111,542 milhões, representando
pouco mais de 52% do desembolso total em projetos de infraestrutura no Estado,
diante de uma participação de 39,8% no mesmo período de 2018. Em termos
nominais, o setor de transporte rodoviário recebeu 39,7% a mais, saindo de R$
79,848 milhões entre janeiro e junho de 2018.

·  
Os
desembolsos para o setor de comércio e serviços experimentou forte retração no
primeiro semestre, mergulhando 45,2% em relação a idêntico período de 2018, e
despencou de R$ 146,388 milhões para R$ 80,235 milhões.

·  
Na
indústria, os números do banco mostram perdas relevantes na maioria dos setores
de atividade. Os desembolsos para a indústria extrativa baixaram 15,2%, de R$
2,779 milhões para R$ 2,358 milhões, valores já
extremamente tímidos para um setor intensivo em capital.

·  
Na
indústria de transformação, o tombo foi ainda mais severo, com perdas de 42,85%
naquela mesma comparação. Os valores desembolsados desabaram de R$ 50,219
milhões para R$ 28,702 milhões. Na soma final, a indústria recebeu R$ 31,060
milhões diante de R$ 52,998 milhões no primeiro semestre de 2018.

Um dos destaques negativos veio da indústria de
alimentos e bebidas, que teve 68,4% menos recursos neste ano (saindo de R$
15,903 milhões para R$ 5,017 milhões).