O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

domingo, 24 de novembro de 2024

Dois terços dos países acompanhados pelo FMI fecharão 2024 com déficit

No mundo muito além do fantasioso universo cobiçado por dez em cada dez economistas, analistas e comentaristas alinhados à “esquadrilha austericida”, que domina há décadas o pensamento econômico e a grande imprensa corporativa, a maioria dos governos ao redor do globo vai fechar o ano com rombos em suas contas primárias. Quer dizer, em português […]

No mundo muito além do fantasioso universo cobiçado por dez em cada dez economistas, analistas e comentaristas alinhados à “esquadrilha austericida”, que domina há décadas o pensamento econômico e a grande imprensa corporativa, a maioria dos governos ao redor do globo vai fechar o ano com rombos em suas contas primárias. Quer dizer, em português claro e estridente, as receitas não serão suficientes para fazer frente a todas as despesas, já excluídos os gastos com juros e amortizações das dívidas do setor público. Nada muito diferente do que o cenário projetado para o Brasil.

Mas só aqui o mundo parece desfrutar seus últimos suspiros, com a economia condenada ao abismo final porque – atenção, atenção – a meta anteriormente fixada pela equipe econômica para 2025 e 2026 foi alterada, saindo de saldos positivos de 0,5% e 1,0% respectivamente para um equilíbrio entre receitas e despesas no ano que vem e um superávit de 0,25% no exercício seguinte. Foi o suficiente para despertar a ira sagrada dos mercados, embora no restante da economia global os dados do setor público demonstrem um quadro geral de desequilíbrios entre despesas e receitas e dívidas elevadas – em vários casos, muito mais elevadas do que a dos governos no País.

A mais recente edição do Monitor Fiscal do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostra, por exemplo, que 123 países entre 185 com dados projetados pela instituição continuarão com governos deficitários, o que significa dizer que praticamente 66,5% deles fecharão o exercício deste ano com rombos. Na média global, o déficit primário dos governos deverá alcançar algo em torno de 3,40% do Produto Interno Bruto (PIB), repetindo o rombo realizado em 2023. O acompanhamento do fundo mostra ainda que, na maioria dos casos, os governos não conseguiram retomar a relação observada antes da pandemia, quando o déficit primário global (aquele que desconsidera as despesas com juros, para deixar claro) havia atingido algo em torno de 2,7% do total de riquezas produzidas pelo lado real da economia em todo o planeta.

Distantes de 2019

Em 2020, como reflexo das medidas adotadas para socorrer as vítimas do vírus Sars-Cov-19, reforçar a assistência à saúde e dar suporte à economia, o rombo global havia saltado para 6,9% do PIB, com a dívida bruta dos governos passando a somar 99,4% do produto diante de 84,2% um ano antes. O grupo das sete economias mais avançadas, reunidas no G7, teve seu rombo elevado de 2,11% para 10,04% na passagem de 2019 e 2020, enquanto a dívida pública bruta avançou de 118,02% para 139,58% do PIB no mesmo intervalo. Com a reabertura dos negócios e a recuperação da economia e o fim dos gastos extraordinários gerados pela pandemia, o superávit primário chegou a baixar para 1,78% do PIB em 2022, mas voltou a se elevar até 4,69% no ano seguinte, projetando-se para este ano um déficit menor, na faixa de 2,96%, mas ainda superior àquele observado imediatamente antes da pandemia. A relação entre dívida bruta e PIB recuou para 126,15% no ano passado e tende a atingir 126,53% neste ano, mantendo-se bem acima dos valores registrados em 2019.

Balanço

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos canais de comunicação do O Hoje para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.
Veja também