Duplicação da BR-153 será 10 vezes menor que esperado
O palco armado em Rialma (GO) na tarde da última sexta-feira 22/8 tinha imenso painel atrás das autoridades comemorando: “Cerimônia de assinatura da ordem de serviço de duplicação BR-153/GO/TO”. A Agência Nacional de Transportes Terrestres anunciou alegremente, assessorada por blogs, redes sociais e grupos no WhatsApp: “Serão 60,48 km de rodovia duplicada, além da construção de 27,22 km de vias marginais, 14 retornos, 8 dispositivos, 3 passarelas e 2 acessos, contemplando municípios como Figueirópolis, Alvorada, Talismã, Campinorte, Uruaçu, Rialma e Rianápolis”.
Releia o anúncio: nada sobre Anápolis e apenas 60km em GO/TO? Não seriam 400km entre Anápolis e a divisa com o Tocantins? E a duplicação no Estado vizinho não era até Aliança, a 620km de Anápolis? Assustou também o preço: “São mais de R$ 600 milhões de investimento”, disse o diretor-geral da ANTT, Guilherme Sampaio. Faixa de R$ 10 milhões por quilômetro, incluídas as obras de arte. E o restante da duplicação, diretor? “Até os dez anos dessa concessão, teremos toda a BR-153 duplicada no estado de Goiás”. Respondeu do nada, sem mostrar plano de trabalho nem origem do dinheiro, que seguindo essa média seriam R$ 3 bilhões e meio apenas na parte goiana.
Goiás é sempre vítima de engodos. Foi assim com a Ferrovia Norte-Sul, que José Sarney anunciou nos anos 1980 como “paralela à BR 153 como via de conexão das diversas cadeias produtivas”. Até hoje, 40 anos depois, só pequenos trechos funcionam, pois há problema até de bitola. Todas as grandes duplicações em Goiás demoraram décadas. O mais recente anúncio foi para a ligação de Mineiros a Santa Rita do Araguaia, esperada para este ano e adiada por mais três.