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segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Em seis anos, mais pessoas saíram do que entraram no mercado de trabalho

Lauro Veiga Filhopor Lauro Veiga Filho em 19 de novembro de 2025
mercado
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Entre o terceiro trimestre de 2019 e igual período deste ano, a população em idade de trabalhar — que considera todos aqueles com 14 anos ou mais — cresceu cerca de 4,9%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC). Esse contingente passou de 166,301 milhões para 174,411 milhões de pessoas, um aumento de 8,110 milhões. No entanto, a força de trabalho — que soma ocupados e desempregados em busca de emprego — apresentou crescimento proporcionalmente menor, avançando apenas 2,6%, de 105,771 milhões para 108,478 milhões, acréscimo de 2,707 milhões de pessoas.

A diferença entre esses dois indicadores revela a “saída” de 5,403 milhões de trabalhadores da força de trabalho, elevando em 8,9% o total de pessoas fora do mercado — ou fora da força de trabalho, na definição do IBGE. Esse contingente passou de 60,530 milhões para 65,933 milhões, e sua participação no total da população em idade ativa aumentou de 36,4% para 37,8%. Em sentido inverso, a fatia da força de trabalho recuou de 63,6% para 62,2%.

Esses movimentos sugerem que o mercado de trabalho pode não estar tão aquecido quanto indicam analistas e consultores econômicos — seja por fatores estruturais, como apontou o Ibre/FGV na Carta de outubro, seja por questões conjunturais que afetam a dinâmica laboral.

Ocupados e desempregados

Apesar disso, dentro da força de trabalho, o número de ocupados bate recordes sucessivos e alcançou 102,433 milhões de trabalhadores no terceiro trimestre deste ano. São 9,242 milhões a mais que no mesmo trimestre de 2019, crescimento de 9,9%. Já o número de desocupados caiu 51,95% no período, recuando de 12,581 milhões para 6,045 milhões — redução de 6,536 milhões de trabalhadores. Assim, cerca de 70,7% das novas ocupações criadas desde então foram absorvidas por pessoas que estavam desempregadas, enquanto 29,3% destinaram-se aos novos entrantes no mercado, jovens que atingiram 14 anos.

Balanço

• A combinação dos dados permitiu uma redução histórica da taxa de desocupação, que caiu de 11,9% no terceiro trimestre de 2019 para 5,6% no mesmo período deste ano — queda de 6,3 pontos percentuais.

• A hipótese de que o mercado de trabalho está menos aquecido do que sugerem análises dominantes pode ser evidenciada ao se observar o aumento da população fora da força de trabalho.

• Caso a proporção de pessoas fora do mercado tivesse permanecido nos mesmos 36,4% de 2019, esse contingente seria hoje 3,7% menor. Com isso, haveria cerca de 63,486 milhões de brasileiros fora da força de trabalho — 2,447 milhões a menos do que o registrado.

• Nesse cenário hipotético, haveria mais pessoas procurando emprego, elevando a força de trabalho para 110,925 milhões — cerca de 2,3% acima do número real (108,478 milhões).

• Com mais pessoas buscando ocupação, o total de desempregados chegaria a 8,492 milhões, salto de 40,5% sobre o número atual. A taxa de desocupação subiria para 7,7%, similar à registrada no terceiro trimestre de 2023 — período que não foi caracterizado como de “sobreaquecimento” do mercado de trabalho.

• O número de informais cresceu pouco: passou de 38,225 milhões para 38,748 milhões, alta de 1,4% (ou 523 mil trabalhadores), equivalente a menos de 6% do total das novas ocupações criadas no período.

• O contingente de trabalhadores por conta própria aumentou quase 6%, de 24,434 milhões para 25,890 milhões — acréscimo de 1,456 milhão, representando 15,8% do aumento total das ocupações.

• Todo o crescimento dos ocupados por conta própria ocorreu entre os que possuem CNPJ, cujo número saltou quase 40% (de 4,930 milhões para 6,883 milhões). Já os sem CNPJ recuaram de 19,504 milhões para 19,007 milhões, mas ainda representam 73,4% da categoria.

• Mesmo com o aumento dos formalizados entre os autônomos, essa categoria reflete parte da precarização do mercado, reunindo trabalhadores que migraram para o “próprio negócio” com direitos mínimos ou inexistentes.

• No mesmo sentido, há quase 8,120 milhões de trabalhadores com contratos temporários, equivalentes a 7,9% dos ocupados. Esse contingente cresceu 27% desde 2019, ritmo maior que o dos trabalhadores com contrato por tempo indeterminado (alta de 13,6%). Em 2019, os temporários representavam 6,9% do total.

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