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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Energia mais barata e alimentos em baixa explicam desmonte da inflação

Lauro Veiga Filhopor Lauro Veiga Filho em 27 de agosto de 2025
Redução nas tarifas de energia elétrica residencial e a queda nos preços dos alimentos Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Redução nas tarifas de energia elétrica residencial e a queda nos preços dos alimentos Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

A redução nas tarifas de energia elétrica residencial e a queda nos preços dos alimentos, tendência observada desde a segunda metade de junho, derrubaram a taxa oficial de inflação no País no período de 16 de julho a 14 de agosto.

Nesse intervalo, houve deflação de 0,14% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), em relação às quatro semanas anteriores. Foi a primeira deflação registrada pelo IBGE desde julho de 2023.

Mais importante: o comportamento dos preços tem se mostrado mais favorável nas últimas semanas, o que pode abrir espaço para revisões na política monetária e eventual retomada do ciclo de queda dos juros, interrompido em setembro de 2024.

Energia elétrica: impacto decisivo

Entre os nove grupos de gastos que compõem o IPCA, quatro tiveram taxas negativas na leitura concluída em 14 de agosto. O grupo Habitação, puxado pela energia elétrica, foi decisivo:

  • A energia passou de alta de 3,04% em julho para queda de 4,93% até a primeira quinzena de agosto.

  • A virada em apenas duas semanas indica que os efeitos baixistas devem continuar influenciando o índice nos próximos levantamentos.

O “bônus de Itaipu”

Segundo o IBGE, a queda de quase 5% nas tarifas em agosto foi provocada pela incorporação do bônus de Itaipu nas faturas de energia.

  • Esse bônus é resultado do saldo positivo da conta de comercialização da hidrelétrica, distribuído em forma de crédito a consumidores residenciais e rurais que consomem até 350 KWh em pelo menos um mês do ano.

  • Em agosto, foram repassados R$ 936,8 milhões, referentes à participação brasileira.

Apesar de temporário, o bônus compensou o efeito da bandeira vermelha nível 2, que acrescenta R$ 7,87 a cada 100 KWh consumidos.
No entanto, o cenário climático pode levar à reativação das bandeiras tarifárias mais caras, trazendo de volta pressões inflacionárias.

Alimentos: queda consistente

Além da energia, os alimentos ajudaram a derrubar o IPCA-15:

  • Julho (primeira quinzena): -0,06%

  • Julho (mês cheio): -0,27%

  • Agosto (até 14): -0,53%

Principais quedas:

  • Batata inglesa: -18,77%

  • Tomate: -7,71%

  • Manga: -20,49%

  • Cebola: -13,83%

  • Carnes: de -0,30% em julho para -0,94% em agosto

  • Café moído: -1,47%

  • Laranja: -3,0%

  • Açúcar refinado: -0,06%

  • Açúcar cristal: -0,82%

Altas pontuais:

  • Suco de frutas: +0,75%

  • Óleo de soja: +0,34% (ainda abaixo dos +0,46% de julho, influenciado por movimentos no mercado internacional).

Combustíveis e transportes: reforço no alívio

Outro fator de desinflação veio dos combustíveis, que registraram:

  • Julho: -0,64%

  • Agosto: -1,18%

Essa queda foi favorecida por:

  • Valorização do real frente ao dólar, que reduz preços de importados cotados em moeda estrangeira.

  • Baixa nas cotações internacionais do petróleo, com reflexos também sobre o etanol.

No grupo Transportes, a taxa saiu de +0,35% em julho para -0,47% em agosto.

  • Destaque para a queda de 2,59% nas passagens aéreas, revertendo parte do salto de 19,92% no mês anterior.

Resultado geral

Desconsiderando energia, alimentos, combustíveis e passagens aéreas, o IPCA-15 teria mostrado alta de 0,26% (em vez de queda de 0,14%).
Ainda assim, trata-se de uma taxa relativamente baixa, em linha com a tendência de moderação inflacionária observada nos últimos meses.

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