Energia solar deverá responder por quase 6,0% da geração futura

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 12 de junho de 2021

As projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostram um salto de 171,0% na capacidade instalada da geração solar fotovoltaica entre 2020 e 2030, saindo de 3.110 para 8.436 megawatts (MW), diante de um avanço esperado de 19,5% para a capacidade de todo o sistema elétrico brasileiro no mesmo período. Isoladamente, a geração solar deverá ser responsável elo acréscimo de 16,5 MW a cada 100 MW agregados ao sistema. A participação da fonte solar na geração total deverá evoluir de 2,3% para 5,8%.

Os casos de aplicação da tecnologia fotovoltaica, seja na geração distribuída, seja na centralizada, têm se multiplicado pelos quatro cantos do País. Num desses projetos, pelo menos 70 famílias de ribeirinhos da Comunidade do Lago do Ajurixi, na zona rural de Mazagão, no sul do Amapá, não tiveram que enfrentar as atribulações provocadas por três apagões que atingiram 13 dos 16 municípios do Estado, dois dos quais causaram 22 dias de rodízio no fornecimento de energia em novembro do ano passado e o terceiro interrompeu o suprimento durante quatro horas em 15 de janeiro último.

A comunidade foi uma das escolhidas pela Universidade Federal do Amapá (Unifap) para receber kits de energia solar e solucionar um problema histórico na área, já que os ribeirinhos eram forçados a utilizar geradores movidos a diesel para ter luz em casa.A universidade colocou o projeto em licitação ainda em 2019, certame vencido pela Cristal Solar Amapá em novembro daquele ano, relata Carlito Saraiva do Monte, sócio proprietário da empresa, há quatro anos no mercado, com atuação em todo o Estado e ainda na Ilha do Marajó, no Pará, com vendas também para projetos de energia solar na vizinha Guiana Francesa. A instalação dos 70 kits off-grid (ou seja, que dispensa conexão com a rede básica de energia elétrica), com capacidade para 1,3 quilowatts pico cada um, foi concluída em março do ano passado, num investimento próximo a R$ 936,4 mil.A energia chega a custo zero atualmente, fornecida pelos kits de geração solar. O sistema permite manter em funcionamento um freezer durante oito horas diárias, ventilador, quatro bicos de luz, internet, máquina de lavar e bomba d’água.

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Emissões evitadas

Primeiro shopping na América Latina integralmente abastecido por energia solar, o VillageMall, do Rio de Janeiro, evitou a emissão de 24,0 mil toneladas de carbono equivalente desde sua inauguração, em 2019, até o momento, o que correspondeu ao plantio de 13.888 árvores, segundo estima Vander Giordano, vice-presidente do grupo Multiplan, dono do shopping. “O projeto gera ainda uma economia na fatura da energia para os lojistas de 25%, ajudando a baixar os custos de condomínio, o que é sempre um grande desafio”, acrescenta ele.A unidade é abastecida pela fazenda de energia solar instalada na região de Itacarambi (MG), em parceria com a portuguesa EDP, e recebeu investimentos ao redor de R$ 30,0 milhões em sua implantação.

Balanço

  • Com capacidade para 8,3 megawatts (MW), a planta abriga 25.440 módulos fotovoltaicos, ocupando espaço equivalente a 24 campos de futebol, e gerou, até o momento, 28,0 mil megawatts/hora. O sistema, descreve Giordano, incorpora tecnologia de tracking, o que permite que os painéis se movam de acordo com as mudanças no ângulo de incidência dos raios solares, potencializando a capacidade de geração ao longo do dia.
  • “Percebemos, por volta de 2018, que a energia solar vinha muito forte e, por seu potencial disruptivo, entendemos que se você pretende ser relevante no setor elétrico tem que estar presente na energia solar”, afirma Carlos Gros, um dos sócios do Grupo Gera, dedicado a soluções de energia renovável e eficiência energética. No mercado desde 2016, o grupo deverá atingir capacidade de geração de 50 megawatts em projetos próprios de geração solar e mais 50 MW em empreendimentos de terceiros, somando um investimento aproximado de R$ 500,0 milhões, especialmente nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.
  • No setor de telefonia, a TIM pretende zerar as emissões de carbono em sua base instalada no país até 2030, com uso de energia renovável, principalmente solar. A operadora encerrou 2020 com 74,5% do consumo de energia assegurados por fontes renováveis, participação que deverá atingir mais de 90% até 2025, de acordo com Bruno Gentil, Chief Business Support Officer da empresa, como parte de um projeto de longo prazo na área de geração distribuída de energia iniciado em 2017. Atualmente, entre 34 usinas instaladas em todo o país, 24 geram energia a partir de painéis fotovoltaicos, com capacidade para entregar mensalmente em torno de 18 gigawatts/hora (GWh).
  • Conforme Gentil, entre o final deste ano e começo de 2022, mais 60 usinas deverão estar instaladas, das quais 50 plantas de energia solar, somando, no conjunto, uma capacidade de geração de aproximadamente 38 GWh por mês, energia suficiente para abastecer uma cidade com 150 mil habitantes.
  • ·        O modelo de negócios definido pela TIM envolve contratos com prazos de 10 a 15 anos firmados com empresas parceiras, incluindo EDP, Enel X Brasil e Faro Energy. Os parceiros respondem pela instalação, operação e conservação das usinas. Apenas a Faro, num projeto anunciado em maio, deverá implantar 15 usinas solares até o final deste semestre para abastecer a infraestrutura de rede da operadora. Com capacidade anual para 45 GWh, as plantas deverão evitar a emissão de 15 mil toneladas de CO2 evitada anualmente.
  • A Vivo fez sua estreia na geração solar em junho do ano passado, com o início da operação de sua primeira usina solar em Campinas (SP), numa parceria com a TMW Energy, do Grupo Brasileiro Royal FIC. A unidade, que contempla 14.450 módulos fotovoltaicos, está instalada na área de concessão da CPFL Paulista, conforme Caio Guimarães, diretor de patrimônio da Vivo, com potência para 4,75 megawatts/pico.
  • Atualmente, são quatro usinas de fonte solar em funcionamento em Goiás, Pará e no Distrito Federal, além da unidade paulista, somando uma capacidade de geração anual de 41,5 mil MWh. Até o final deste ano, o projeto de geração distribuída da empresa prevê mais de 70 usinas de fontes renováveis em todas as regiões do país, o que permitirá a geração de 670,0 mil megawatts/hora por ano.