Entenda os bastidores da invasão do MST-DFE em uma fazenda de Água Fria de Goiás


O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do Distrito Federal e Entorno (MST-DFE) invadiu, no dia 7 de abril, uma área em Água Fria de Goiás (GO), na Fazenda São Paulo. Neste momento, 700 famílias do movimento mantêm ocupação.
Em 2023, 84 pessoas que trabalhavam em condições análogas à escravidão foram resgatadas. Ainda, segundo o movimento, o terreno pertence ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e foi adquirido ilegalmente.
O local é de propriedade de Antério Mânica, que foi prefeito de Unaí, Minas Gerais, de 2007 a 2012 grande produtor de diversos gêneros alimentícios, conhecido por todos os moradores da pacata cidade mineira.
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Em Unaí, é de conhecimento geral, que o fazendeiro foi condenado pela chacina dos três fiscais – e um motorista – que investigavam a denúncia de trabalho análogo à escravidão. De acordo com a justiça, ele e o irmão foram considerados mandantes do crime.
Informações recentes apontam que Antério conseguiu prisão domiciliar para tratar câncer e diabetes no Hospital Sírio Libanês, em Brasília. Após permissão, já fora da prisão, caiu no banheiro e bateu a cabeça. Foi para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O estado de saúde dele é considerado gravíssimo.
Na região, existe uma versão diferente, que transita entre os populares, sobre o crime que ele foi condenado. Ninguém acredita que Antério tenha feito tal barbárie com os fiscais, falam que foi o irmão. No entanto, a justiça não entendeu dessa maneira. Antério foi preso em setembro de 2023 e condenado a 89 anos de prisão como um dos mandantes do quádruplo homicídio de servidores do Ministério do Trabalho em 2004.
A Fazenda São Paulo é administrada, atualmente, por Marcos Rogério Boschini, que tem um contrato de parceria com seu sogro, Antério Mânica. O dirigente do MST-DFE, Marco Baratto, afirma que a Polícia Militar de Goiás esteve no local para tentar fazer a reintegração de posse, sem mandato. A entrada de alimentação para as famílias também teria sido impedida.
“É um absurdo despejar famílias que estão ocupando uma área que é pública, federal, que foi adquirida irregularmente pela Fazenda, que não teve suas cláusulas resolutivas baixadas”, defende.
“Essas glebas pertencem ao Incra. É uma área que foi pega com trabalho escravo, que não está nem dentro da fazenda, está dentro das glebas do assentamento. E estão ameaçando despejar, mesmo sem mandado judicial”, detalha.