Fim da reeleição divide opiniões e amplia incertezas


O Projeto de Emenda à Constituição (PEC), do senador Jorge Kajuru (Podemos-GO), aprovado no último dia 21 de maio, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, traz mais dúvidas sobre a eficácia e incertezas quanto à melhora na gestão pública. Na avaliação do cientista político e consultor em estratégias eleitoral, Paulo Kramer, o despreparo cívico da maioria dos eleitores e eleitos, fez com que a reeleição, na prática, espichasse os mandatos de quatro para oito anos, com um plebiscito no meio, quase sempre vencido por quem busca se reeleger com a máquina pública na mão.
“Como analista político e cidadão, sou favorável a uma dessas duas alternativas: ou acabar de vez com a reeleição e acrescentar um ano aos mandatos de presidente, governador e prefeito, ou, no mínimo, permiti-la uma única vez”, pontua. Kramer defende que os chefes dos executivos federal, estaduais e municipais teriam direito a concorrer a uma eleição consecutiva, mas, depois do segundo mandato, não poderiam concorrer a mais nada.
“É preciso acelerar o processo de circulação das elites políticas e superar a excessiva oligarquização do poder político no Brasil”. Prossegue Kramer: “Como Senado e Câmara têm perfis diferentes, a negociação do fim da reeleição terá um novo começo. Confesso que não consigo prever com clareza o desfecho que os deputados darão à proposta”.
Na contramão das democracias
Numa vertente contrária, a cientista política e professora da FGV, Lara Mesquita, em entrevista ao jornal O Globo (23/5), vê a mudança do calendário eleitoral como danosa. Para ela, o país iria na contramão das principais democracias do mundo. Assim como o Brasil intercalam eleições locais ou regionais com a nacional”. A professora acredita que essa mudança traria consequência, tanto para a tomada de decisão do eleitor como para a logística do dia da votação. “Haveria uma sobreposição de temas nacionais e locais, e me parece que o debate local ficaria prejudicado”, pondera Lara Mesquita.
Crises ajudaram…
O cientista político Paulo Kramer, recorda que a emenda constitucional da reeleição foi aprovada a ‘toque de caixa’ pelo Congresso Nacional em 1997. “A proposta, patrocinada pelo então presidente FHC, foi azeitada pelo medo que a conjuntura econômica internacional inspirava às elites: crise do México em 1994, crise dos ‘tigres asiáticos em 1997 e, em 1998, a megacrise russa”.
…aprovar reeleição
Relata Kramer: “Assim, a emenda da reeleição passou, beneficiando por tabela os governadores e prefeitos. Fernando Henrique, percebido pela maioria do eleitorado como o grande timoneiro, único capaz de levar o navio-Brasil a navegar em mares internacionais menos tempestuosos, se reelegeu em primeiro turno em 1998”.
Nogueira no ataque
Assíduo crítico do governo Lula, o senador e presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PI), postou no ‘X’ que o governo nunca teve tanto dinheiro dos brasileiros nas mãos. “Antes mesmo do aumento do IOF, o Brasil já detinha a maior taxa de impostos desde o plano real e a maior carga da América Latina”.
Gastos e privilégios
“Mas o que faz além de garantir privilégios e ostentar desperdícios? Não há obras estruturantes em curso, não há investimento maciço em segurança, muito menos um plano para reforço da matriz industrial. Plano de redução de despesas, então, esquece. Se dinheiro sobra e os resultados não vêm, o que falta? A resposta é uma só: governo”, crava Ciro Nogueira.
Líder de fato…
Desde a semana passada, a movimentação do vereador Pedro Azulão Jr. (MDB) tem chamado atenção no plenário da Câmara Municipal de Goiânia. Vereador geralmente discreto nas sessões ordinárias, Azulão Jr. passou a ocupar a tribuna, às vezes até mais de uma vez, para defender a gestão do prefeito Sandro Mabel (UB).
…citado por Mabel
Durante a prestação de contas do primeiro quadrimestre de 2025, o prefeito Sandro Mabel fez questão de citar nominalmente o vereador Pedro Azulão Jr. por mais de uma vez enquanto falava aos vereadores da Capital. Já o líder oficial do prefeito na Casa, vereador Igor Franco (MDB), é tratado nos bastidores do Paço Municipal como um parlamentar sem força para ocupar o posto.