Coluna

Goiás mantém a mesma 9ª posição entre Estados com maior PIB há década e meia

Publicado por: Sheyla Sousa | Postado em: 14 de novembro de 2019

O
desempenho das economias regionais, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com institutos econômicos e
secretarias estaduais de planejamento, sugere que a crescente guerra fiscal
travada entre as diversas unidades da federação nas últimas décadas tem
produzidos resultados questionáveis, numa visão condescendente. Ao menos no
caso goiano, os planos de superar o Distrito Federal e a Bahia, que sustentam
respectivamente a 7ª e a 8ª posições entre os Estados com maior Produto Interno
Bruto (PIB), não foram contemplados. Goiás sustenta, desde pelo menos 2002, a
mesma 9ª colocação, situação que tem se repetido ao longo de praticamente uma
década e meia.

Da
mesma forma, a participação relativa do Estado no produto total gerado pela
economia brasileira variou modestamente de 2,6% para 2,9% (fatia mantida nos
anos de 2014 a 2017, conforme o levantamento apresentado nesta quinta-feira à
imprensa pelo IBGE). Nesse sentido, o avanço verificado para as economias de
Santa Catarina (de 3,7% para 4,2%), Mato Grosso (de 1,3% para 1,9%) e Pará (de
1,8% para 2,4%) foi mais substancial, correspondendo a acréscimos de 0,55
pontos de porcentagem para o primeiro e de 0,58 pontos para a participação do
PIB paraense.

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A
liderança, no quesito, ficou para Mato Grosso, que acumulou um avanço de 0,64
(duas vezes mais do que o “ganho” realizado pela economia goiana, equivalente a
0,32 pontos. Mais castigado pela crise, São Paulo perdeu 2,65 pontos, saindo de
34,9% para 32,2%, mas preservou a liderança. A desconcentração relativa na
distribuição das riquezas produzidas pela economia, mais relacionada aos
efeitos da recessão de 2015-2016 do que a políticas públicas efetivas, deu-se
pelo encolhimento da economia no Sudeste, que saiu de uma participação de 57,4%
em 2002 para 52,9% do PIB brasileiro em 2017.

Menos ou mais

No
mesmo período, 12 Estados cresceram de forma mais acelerada do que Goiás e, no
Centro-Oeste, seu crescimento só foi maior do que no Distrito Federal. O PIB
goiano acumulou uma variação de 60,8% entre 2002 e 2017, correspondendo a um
crescimento anual médio de 3,2%. De toda forma, analisado sob uma perspectiva
mais otimista, foi um desempenho superior à média brasileira, que chegou a
crescer 42,5% (2,4% ao ano), puxada para baixo pelos resultados piores no
Paraná (41,0% no acumulado em 15 anos e 2,3% ao ano), São Paulo (39,5% com
média de 2,2% ao ano), Minas Gerais (36,4% no acumulado e 2,1% ao ano), Rio
Grande do Sul (respectivamente 30,0% e 1,8%) e Rio de Janeiro (que experimentou
expansão de apenas 23,3% em todo o período, significando média anual de 1,4%).

Balanço

·  
No
DF, a economia avançou 57,9%, com média de 3,1% ao ano, pior desempenho no
Centro-Oeste. Com forte presença do agronegócio, o PIB de Mato Grosso mais do
que dobrou de tamanho, saltando 112,1% entre 2002 e 2017, com variação anual
média de 5,1%. Em Mato Grosso do Sul, a economia cresceu 73,8% (correspondendo
a 3,8% na média anual).

·  
As
contas regionais de 2017 mostram que os institutos locais de estudos econômicos
têm realizado um trabalho cauteloso, até para não estimular retóricas mais triunfalistas.

·  
Até
março do ano passado, as projeções oficiais colocavam o PIB goiano próximo de
R$ 189,87 bilhões em 2017, o que sugeria um crescimento de 1,8% em relação ao
ano anterior, lembrando que a economia havia retrocedido 4,3% e 3,5% em 2015 e
2016.

·  
Em
dezembro de 2018, o dado foi revisado levemente para cima, com a estimativa
para o PIB estadual elevando-se até R$ 190,002 bilhões em 2017 e indicando
variação ao redor de 2,0% na comparação com 2016.

·  
O
número final divulgado agora pelo IBGE aponta variação de 2,3%, praticamente um
ponto acima do avanço de 1,3% registrado pelo PIB brasileiro entre 2016 e 2017.
As riquezas geradas pela economia goiana somaram, neste último ano, algo em
torno de R$ 191,899 bilhões.

·  
A
despeito da retomada, o PIB estadual ainda acumulava perda de aproximadamente
5,5% entre 2015 e 2017, praticamente equivalente ao retrocesso registrado na
média do País.

·  
O
avanço em Goiás veio por obra do salto de 26,8% realizado pela agricultura, o
que impulsionou a alta de 19,2% para o conjunto da agropecuária, que respondeu
por 11,3% na formação do PIB regional.

·  
O
setor de serviços avançou 0,9% em 2017, com o segmento de comércio e reparação
de veículos puxando o desempenho para baixo ao desabar 6,7%, resultado
contrabalançado pelo incremento de 8,2% nas atividades financeiras, de seguros
e de serviços financeiros.

·  
A
indústria como um todo sofreu recuo de 0,6% no ano, ditado pelo tombo de 7,6%
na construção (queda no ritmo das obras de infraestrutura) e pelo recuo de 4,6%
no setor de eletricidade, água, esgoto e gestão de resíduos (principalmente em
função da redução na geração de energia). As indústrias de extração e de
transformação cresceram 2,5% e 4,4%, sob influência do cobre e do níquel, no
primeiro caso, e dos setores farmacêutico e de biocombustíveis no segundo
(etanol e biodisesel).