Guinada de Lula para a esquerda pode ser uma estratégia arriscada
Diz a lenda política que arrogância e vaidade são atitudes que mais derrotam os líderes, principalmente na política. A história está repleta de exemplos e dois se destacam: a humilhante cena em que o prefeito eleito de São Paulo, Jânio Quadros (1917-1992), desinfetou a cadeira de prefeito com um inseticida. A cena do histriônico político foi devido à vaidade de Fernando Henrique Cardoso, que atendeu aos apelos dos fotógrafos midiáticos para se sentar na cadeira. Ele fez isto porque as pesquisas o davam como favorito a vencer a disputa para prefeito da capital paulista, mas quando veio o resultado, Jânio venceu.
Outro gesto de arrogância e vaidade foi protagonizado pelo então candidato a governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque, à época no PT. Dois dias antes da votação, ele havia humilhado seu oponente, Joaquim Roriz (1936-2018), em debate na TV e as pesquisas davam larga vantagem a ele. Confiante, promoveu um jantar comemorando a vitória antecipada, mas, apurados os votos, apareceu a derrota. Esses exemplos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu entorno precisam levar em conta e baixar o ‘salto alto’ de que já venceu a eleição faltando 11 meses para o primeiro turno.
Por conta dessa confiança excessiva, ele deu uma guinada mais para a esquerda e abandonou o conceito de coalizão com a centro-direita que deu a vitória a ele e ao PT nos quase 20 anos no poder. Pode ser que dê certo, mas vai estar na contramão do que ocorre pelo mundo, notadamente na América Latina, onde a direita avança célere na conquista dos governos. No entanto, Lula acredita que, ao nomear Guilherme Boulos (PSol) como estrategista para mobilizar a militância petista e associados para encher as ruas, acredita que a população vai aderir às teses de um governo esbanjador. Esse contraponto ao domínio das ruas pela direita pode ser uma estratégia temerária e dar munição para a direita mostrar força.
Direita e bolsonaristas dominam as ruas…
…, mas Lula trouxe Guilherme Boulos (PSol) para repetir a mobilização da esquerda como fez contra a ‘PEC da Blindagem’. Será uma tarefa de risco, pois os bolsonaristas e a direita ainda detêm a mobilização de massa. A estratégia é mostrar para a população que a militância de esquerda que apoia Lula não são só os devotos em ambientes fechados. Se conseguirem muita gente, reforçam a percepção das pesquisas de que Lula é o favorito e pode ganhar no 1º turno.
Candidato “Se”
Com a derrocada de Jair Bolsonaro encarcerado, o presidente nacional do PL ameaçado de ser preso e a direita com candidatos “Se”, ou seja, se Tarcísio de Freitas for o candidato, ‘se’ Ronaldo Caiado, ‘se’ Ratinho Júnior, ‘se’ Romeu Zema e nenhum deles com apoio formal do ex-presidente, Lula tende pulverizar a direita e o Centrão.
“Ajuda do STF”
Um experiente deputado federal disse à coluna que o STF e a PGR, indiretamente, podem contribuir para Jair Bolsonaro bater o martelo e escolher Tarcísio de Freitas (REP-SP) como o candidato que terá seu apoio. A inclusão de Valdemar Costa Neto no inquérito da trama golpista “vai apressar a decisão de Bolsonaro”, diz o deputado.
Ponte para o futuro
Elaborado pela Fundação Ulysses Guimarães (FUG), braço de formação política do MDB sob a coordenação do ex-ministro da Defesa, Aldo Rebelo, em parceria com os deputados Alceu Moreira (RS), presidente nacional do MDB, Baleia Rossi (SP), senador José Fogaça (RS), secretário-executivo da FUG, Guto Scherer, e do planejamento estratégico, Raul Henry, anunciaram nesta quarta-feira (22), em Brasília, o projeto ‘O Brasil Precisa Pensar o Brasil’.
Filippelli contributivo
Ex-deputado federal e presidente da Fundação Ulysses Guimarães no Distrito Federal (FUG-DF), Tadeu Filippelli: “Este é um documento importante para o País e um farol para sairmos dessa polarização que aprofunda a divisão entre brasileiros. Além disso, é um manifesto de cidadania contributiva que ouviu mais de 8 mil filiados do MDB, portanto, sinaliza caminhos para resolver nossos desafios estruturais, econômicos e políticos”.
Zambelli vai demorar – Não será rápida a extradição da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para o Brasil. Embora o Ministério Público da Itália tenha dado parecer favorável, quem vai determinar será a Justiça na conclusão do processo. Até lá, o ministro do Supremo Alexandre de Moraes vai ter que esperar.