Indústria goiana derrapa em fevereiro, com queda de 2,7%

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 27 de abril de 2023

A produção industrial em Goiás voltou a alternar altos e baixos nos primeiros meses deste ano, reduzindo a vantagem registrada em períodos anteriores em relação aos volumes produzidos em fevereiro de 2020, mês imediatamente anterior ao início da pandemia no País. Na saída de janeiro para fevereiro, a indústria goiana reduziu sua produção em 2,5%, numa queda mais intensa do que o recuo de 0,2% observado para o setor industrial como um todo no País. Comparada a fevereiro do ano passado, a produção caiu 2,7% frente a uma redução de 2,4% para a indústria brasileira em geral.

Em parte, o retrocesso observado em fevereiro pode guardar alguma relação com o forte resultado observado no segundo mês do ano passado, quando a produção chegou a avançar 20,6% em relação a fevereiro de 2021. O impulso observado em 2022, por sua vez, deu-se sobre uma base mais reduzida, considerando-se que a indústria havia sofrido baixa de 7,6% em fevereiro do ano imediatamente anterior, depois de recuar 1,5% em 2020 (sempre na comparação entre segundo mês de cada ano e idêntico período do ano anterior).

Ainda em fevereiro, segundo a pesquisa mensal da produção industrial divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria goiana devolveu parte do crescimento de 4,1% registrado em janeiro frente a dezembro do ano passado e ainda parte do avanço de 3,5% que havia sido observado entre janeiro de 2022 e o primeiro mês deste ano. Os resultados negativos fizeram encolher a distância entre o momento mais atual e fevereiro de 2020 e produziram um avanço modestíssimo de 0,3% no primeiro bimestre deste ano diante de igual período de 2022 – o que corresponde a certo desaquecimento quando se considera o avanço de 1,6% anotado no trimestre final de 2022.

Continua após a publicidade

Distância encurtada

Para comparação, o nível da produção industrial realizada em Goiás em fevereiro do ano passado estava 6,0% acima daquele registrado dois anos antes no mesmo mês, com o ganho passando para 5,1% em janeiro deste ano. Já no mês imediatamente seguinte, a indústria conseguiu produzir apenas 2,4% mais do que em fevereiro de 2020. Trata-se, de toda forma, de um resultado melhor do que o nacional, visto que a produção industrial brasileira sequer havia conseguido ainda retomar os níveis de antes da pandemia, anotando baixa de 2,6%, com 68% dos setores acompanhados pelo IBGE ainda no negativo (17 entre 25 ramos de atividade) e somente sete (ou 28%) em alta (um setor conseguiu apenas repetir os mesmos volumes produzidos em fevereiro de 2020).

Balanço

  • A perda de fôlego pode ser percebida nos dados acumulados em 12 meses. A indústria estadual saiu de um crescimento de 1,4% no ano passado, considerando o acumulado entre janeiro e dezembro. Mas encerrou o período de 12 meses entre março de 2022 e fevereiro deste ano com recuo de 0,9%.
  • A pesquisa do IBGE não traz o desempenho por setor na comparação mês a mês, mas apresenta os dados por ramo de atividade relacionados a idênticos períodos de um ano antes, o que ajuda a inferir como tem se dado o comportamento da produção nas principais áreas (já que o instituto não apresenta uma cobertura mais extensiva do setor industrial no Estado).
  • Assim, a retração anotada em fevereiro, tomando como base o mesmo mês do ano passado, foi fortemente influenciada por cinco setores, com os números mais negativos atingindo alguns dentre os principais segmentos da indústria. Um dos destaques negativos veio da indústria de produtos alimentícios, carro-chefe do setor industrial goiano, com participação próxima de 60% no valor da transformação industrial.
  • A produção de alimentos encolheu 5,8% em fevereiro e passou a acumular baixa de 0,4% no primeiro bimestre, sempre diante de idênticos intervalos do ano passado. A pesquisa registrou baixas para os setores de processamento de óleo e farelo de soja, além de carnes e miúdos de aves frescas ou refrigeradas e também para a produção de maionese.
  • Por ordem de influência, a indústria de produtos químicos surge em segundo, com perdas de 13,8% no mês e de 11,6% no bimestre, sob influência de quedas na produção de fertilizantes formulados a base de nitrogênio, fosfato e potássio, superfosfatos e fosfatos monoamônio (MAP), além de produtos de higiene pessoal (desodorantes, condicionadores e cremes para tratamento capilar, entre outros).
  • As confecções foram igualmente atingidas e anotaram perda de 16,1% e de 14,6% respectivamente em fevereiro e no primeiro bimestre, atingidas pelo recuo na produção de camisetas de malha, camisas masculinas, calças e bermudas femininas. Saiu do setor a terceira maior contribuição para o desempenho negativo da produção da indústria em geral ao longo de fevereiro e a segunda no acumulado do bimestre.
  • A produção de biocombustíveis foi influenciada pelo atraso no início da safra de cana 2023/24, com as usinas retardando o início do corte neste começo de ano, e pela sazonalidade no setor de biodiesel, em grande parte dependente do óleo de soja. A produção desabou nada menos do que 27,6% em fevereiro, acumulando retrocesso de 23,9% no bimestre.
  • Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção goiana de etanol havia sofrido baixa de 12,9% no primeiro bimestre, saindo de 71,909 milhões para 62,630 milhões de litros entre 2022 e 2023. A indústria de biodiesel, por sua vez, havia produzido quase 17,0% a menos entre aqueles dois bimestres, saindo de 154,119 milhões para 127,998 milhões de litros.
  • Em março, a produção de etanol e a de biodiesel ensaiou uma recuperação, avançando respectivamente 12,5% e 13,6% frente a março do ano passado, o que tende a influir positivamente nos resultados do setor industrial. A fabricação de veículos caiu 14,6% em fevereiro e 16,8% no primeiro bimestre deste ano.