Investimento em energia solar pode superar R$ 27,7 bilhões em Goiás

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 03 de outubro de 2023

Os números da geração solar fotovoltaica em Goiás ainda são tímidos, mas o Estado apresenta potencial para crescer rapidamente nesta área, segundo registros mais recentes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), consultados ontem pela coluna. Os números dizem respeito especificamente à geração centralizada, incluindo plantas solares de maior porte, e não consideram a geração distribuída, que contempla placas fotovoltaicas instaladas em telhados, fachadas de residências e edifícios e pequenas áreas – segmento que vem apresentando crescimento mais expressivo num período mais recente, conforme dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

Atualmente, a potência instalada no Estado em 12 plantas de geração centralizada resume-se a 5,281 megawatts (MW), correspondendo a uma participação incipiente na capacidade total do segmento, que havia alcançado em setembro perto de 10.437 MW (o que resumiria a fatia estadual a meros 0,05%). A potência outorgada pela Aneel para o Estado, no entanto, projeta a instalação de uma capacidade total levemente superior a 6.700 MW nos próximos anos, dos quais 6.695,55 MW, envolvendo 137 usinas, ainda não começaram a ser construídas. Com base em estimativas do setor, a instalação dessa capacidade adicional exigirá investimentos muito próximos ou ligeiramente acima de R$ 27,7 bilhões, podendo atingir perto de R$ 28,3 bilhões, conforme algumas estimativas, que consideram um custo em torno de R$ 4,20 bilhões para a instalação de um gigawatt (GW).

Para comparação, em todo o País, a Aneel registra 2.936 empreendimentos ainda não iniciados, com potência outorgada total para 128.319 MW, o que demandará investimentos entre R$ 531,20 bilhões e R$ 541,50 bilhões em grandes números. A se confirmarem, aqueles investimentos serão pouco mais de três vezes maiores do que todos os recursos injetados no setor entre 2012 e setembro deste ano, algo em torno de R$ 164,20 bilhões destinados à instalação de 33.757 MW entre geração centralizada e distribuída. 

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Participação goiana

Daquele total de plantas ainda com construção a ser iniciada, dois terços deverão ser implantados em Minas Gerais, com aproximadamente 38.323 MW de capacidade nova prevista; Bahia, acrescentando mais 24.535 MW ao parque solar brasileiro; Ceará, somando perto de 15.930 MW de potência ainda a ser construída; e Goiás. O Estado responde por 5,2% da capacidade a ser implantada e por 4,7% do total de empreendimentos outorgados pela agência até aqui.

Balanço

  • Num mapeamento realizado pela Absolar e divulgado ontem pela assessoria da associação, Goiás surge entre os 10 maiores Estados em potência instalada de energia solar na geração própria em telhados e terrenos menores, atingindo pouco mais de 1.037 MW, representando 4,5% da capacidade total do segmento em todo o País.
  • O levantamento identifica em torno de 89,0 mil conexões operacionais em 246 municípios, alcançando, portanto, todas as cidades goianas e beneficiando 113,0 mil consumidores com energia mais barata.
  • Nas estimativas da Absolar, desde 2012, quando a geração descentralizada ganhou seu marco regulatório, o Estado teria atraído investimentos superiores a R$ 5,20 bilhões, gerando empregos para 31,0 mil pessoas e uma arrecadação de impostos acima de R$ 1,20 bilhão.
  • Ouvido pela assessoria da associação, o coordenador estadual da Absolar em Goiás, Francisco Maiello, destaca que o Estado se tornou “um importante centro de desenvolvimento da energia solar de usinas fotovoltaicas em sistemas instalados pelos próprios consumidores”. Adicionalmente, prossegue Maiello, a fonte solar embute um “enorme potencial” para a criação descentralizada de empregos e a geração de renda em todo o Estado e de atração de investimentos privados, com uma vertente ambiental relevante, já que essa forma de geração de energia contribui para reduzir emissões de gases formadores do efeito estufa, mitigando a tendência de aquecimento e de mudanças climáticas.
  • Na mesma linha, Rodrigo Sauaia, presidente executivo da Absolar, observa que o avanço da energia solar assegura maior sustentabilidade à economia em geral, reforça o “protagonismo internacional do Brasil” na área de energias limpas, além de “aliviar o orçamento das famílias e ampliar a competividade dos setores produtivos” em todo o País.
  • Ao considerar a fonte solar como “uma alavanca para o desenvolvimento”, Sauaia desataca a “imensa oportunidade” colocada diante do País para disseminar a tecnologia solar por meio de programas sociais e políticas públicas, a exemplo da construção de moradias populares no âmbito do Minha Casa Minha Vida (MCMV), e ainda “na universalização do acesso à energia elétrica pelo programa Luz para Todos”. Ele defende também a instalação de placas fotovoltaicas “em prédios públicos, como escolas, hospitais, postos de saúde, delegacias, bibliotecas, museus, parques, entre outros, ajudando a reduzir os gastos dos governos com energia elétrica para que tenham mais recursos para investir em saúde, educação, segurança pública e outras prioridades da sociedade brasileira”.