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sábado, 28 de dezembro de 2024

Investimentos em biomassa oscilam, o que traz dificuldade para toda cadeia

O investimento na expansão da geração de energia a partir de biomassa tem oscilado ano a ano, demonstrando uma descontinuidade que afeta toda a cadeia industrial. O setor não conseguiu mais repetir o recorde de 2010, quando aportou 1.750 MW novos ao sistema, respondendo por 28,6% do avanço da capacidade total de geração de eletricidade […]

O investimento na expansão da geração de energia a partir de biomassa tem oscilado ano a ano, demonstrando uma descontinuidade que afeta toda a cadeia industrial. O setor não conseguiu mais repetir o recorde de 2010, quando aportou 1.750 MW novos ao sistema, respondendo por 28,6% do avanço da capacidade total de geração de eletricidade no período. O acréscimo de capacidade bateu no fundo do poço em 2018, com aumento de apenas 141 MW ou menos de 2,0% do crescimento geral. Há dois anos, a geração de energia da biomassa incorporou 905 MW adicionais, volume reduzido para 223 MW em 2023. Para 2025, registra Zilmar José de Souza, gerente de bioeletricidade da União da Indústria de Cana de Açúcar e Bioenergia (Unica), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estima a entrada em operação de apenas 240 MW, perto de 2,20% do aumento total de capacidade esperado para o próximo ano, em torno de 10.928 MW, considerando todo o setor elétrico. A se confirmar a previsão, o investimento em capacidade nova despencaria para R$ 1,44 bilhão, perto de um quinto do valor projetado para este ano, em torno de R$ 7,0 bilhões.

“O ideal seria que houvesse uma continuidade, com investimentos mais regulares em geração, o que seria benéfico para toda a cadeia de bens de capital associada ao setor de biomassa, favorecendo centros de excelência industrial nas regiões de Jundiaí, Piracicaba e Sertãozinho”, defende Souza. Num ambiente ainda de predominância da sobrecontratação de energia pelas distribuidoras, observa Newton Duarte, presidente executivo da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), “não há a expectativa de novos leilões no mercado regulado que possam proporcionar a instalação de novos projetos de biomassa”.

Sem “porta de saída”

Neste ano, até o momento, está prevista a realização de apenas um leilão de reserva de capacidade, inicialmente em agosto, mas que não contempla a biomassa e foi desenhado especificamente para contratação de térmicas convencionais, movidas a combustíveis fósseis, e hidroelétricas. A proposta, na visão de Souza, é mitigar os riscos de fontes intermitentes, a exemplo da eólica e solar fotovoltaica. “A porta de saída para a biomassa eram os leilões de energia nova, com contratos de longo prazo e correção com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)”, observa Souza. Ele defende a formatação de leilões específicos para o setor, que levem em conta a sustentabilidade e a oferta de energia firme asseguradas pela biomassa, e sua proximidade dos centros de carga, o que reduz perdas e posterga investimentos em transmissão.

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