Coluna

Investimentos em tecnologia elevam peso médio de abate dos bovinos na década

Publicado por: Sheyla Sousa | Postado em: 12 de dezembro de 2019

Os
investimentos realizados na ponta tecnologicamente mais avançada da pecuária de
corte no País, associados geralmente a ganhos nas áreas de genética, nutrição
animal, manejo e melhor qualidade dos pastos, têm contribuído para puxar para
cima o desempenho médio do setor como um todo. Em 10 anos, mostram as séries de
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto o número
de bovinos abatidos no País registrou elevação de 18,3%, seu peso total saltou
25,7%, sugerindo ganhos de produtividade no período e melhor aproveitamento das
carcaças desses animais.

Tomando
os três primeiros trimestres de 2009 e idêntico intervalo deste ano, conforme
pesquisa trimestral divulgada ontem pelo instituto, os abates avançaram de
20,593 milhões para 24,359 milhões de bovinos, enquanto o peso somado das carcaças
elevou-se de 4,871 milhões para quase 6,124 milhões de toneladas (um ganho de
1,253 milhão de toneladas no período). O peso médio por animal abatido,
considerando machos e fêmeas, anotou crescimento de 6,3%, saindo de 236,53
quilos (algo como 15,77 arrobas) para 251,39 quilos (perto de 16,76 arrobas).

Os
animais têm chegado mais cedo para o abate, com idade média ao redor de 30 a 36
meses, o que contribui igualmente para melhorar o fluxo de caixa da atividade, além
de reduzir custos e elevar a produtividade. Uma parcela importante dos ganhos
veio do aumento na oferta de bovinos para abate, o que representou em torno de
69,2% do ganho no volume total de carne produzida. O incremento no peso médio
por animal respondeu por 30,8% desse ganho.

Continua após a publicidade

Ganho nominal

Segundo
as séries estatísticas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
(Cepea), da Esalq/USP, os preços da arroba do boi gordo, em valores nominais,
subiram de R$ 79,97 para R$ 153,54 na média registrada ao longo dos primeiros
nove meses de 2009 e igual período de 2019 – antes, portanto, da escalada
observada ao longo de novembro deste ano. A alta aproximou-se de 92% para uma
inflação acumulada no período de 80,72% (o que sugere uma variação real,
descontando a variação geral de todos os preços na economia, próxima a 6,2%).
Isso não significa, necessariamente, que os produtores tiveram ganhos reais na
mesma proporção, já que seria preciso considerar a evolução dos preços dos
principais insumos que compõem a estrutura de custos da pecuária, além da
variação da remuneração de trabalhadores no setor, custos de renovação e
manutenção de pastagens, entre outros. O dado ao menos sinaliza que a pecuária
andou à frente dos demais preços.

Balanço

·  
Os
preços médios da arroba do boi gordo continuaram baixando nesta semana e já
acumulam recuo de 10,35% desde o pico alcançado no final de novembro, segundo
acompanhamento diário realizado pelo Cepea com base nos contratos futuros
negociados na B3 (a antiga Bolsa de Valores de São Paulo). A arroba saiu de R$
231,35 em 29 de novembro para R$ 207,40 em 11 de dezembro, um valor ainda
bastante confortável para o pecuarista (mas excessivamente salgado para o
consumidor).

·  
Depois
de recuarem em outubro, as exportações de carnes suína e de frango in natura
voltaram a crescer na primeira semana de dezembro, com altas respectivamente de
20,36% e de 18,48% comparando com os volumes médios embarcados diariamente pelo
País em novembro deste ano. Mas os embarques de carne bovina continuaram em
queda, baixando 10,49% na mesma comparação.

·  
No
acumulado entre janeiro e setembro deste ano, conforme pesquisa do IBGE, o
número de bovinos abatidos avançou 2,1% (para 24,359 milhões de cabeças), com
aumento de 3,5% no peso das carcaças (que atingiu 6,124 milhões de toneladas).
Na soma total dos abates de bovinos, suínos e frangos, a produção no País
avançou apenas ligeiramente, saindo de 19,061 milhões para 19,335 milhões de
toneladas (1,44% a mais, significando um acréscimo de 273,97 mil toneladas).

·  
O
mercado externo, considerando as estatísticas do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa), absorveu praticamente 93% dessa oferta
adicional, já que as vendas externas somadas de carne bovina, suína e de frango
avançaram de 4,633 milhões para 4,888 milhões de toneladas (255,0 mil toneladas
a mais, num avanço de 10,54%). A participação das exportações na produção
variou de 24,3% para 25,3%.

·  
A
produção destinada ao mercado doméstico ficou literalmente estabilizada no
período, saindo de 14,428 milhões para 14,447 milhões de toneladas, apenas 19,0
mil toneladas adicionais, numa variação de 0,13%.

·  
Desde
setembro, puxadas pela China, as exportações brasileiras de carne bovina e
suína, principalmente, entraram em crescimento mais vigoroso, acumulando altas
de 12,4% e de 82,3% no acumulado entre janeiro e novembro deste ano frente a
igual período de 2018.

Os embarques para o mercado chinês, que
respondeu por quase todo o crescimento das exportações naquelas duas áreas,
aumentaram 49,4% no caso da carne suína, para 217,8 mil toneladas (um terço de
toda a exportação brasileira) e 39,5% para a carne bovina (somando 410,44 mil
toneladas, 24,55% das vendas brasileiras, diante de menos de 20% em 2018).