A trajetória da designer de joias Adeguimar Arantes acaba de ganhar uma nova forma de expressão: o livro O Farei Joias, lançado durante a 76ª Feira Nacional da Indústria de Joias, Relógios e Afins (Feninjer), em São Paulo. A publicação, que narra o percurso da artista goiana no mercado de joias naturais, também marca uma etapa importante de um projeto maior: a capacitação de novos artesãos em comunidades tradicionais por meio da arte como instrumento de geração de renda.

Produzido ao longo de sete anos, o livro não é apenas um relato biográfico. Ele documenta a inserção da cultura brasileira na joalheria contemporânea, com enfoque nas peças autorais feitas com gemas naturais. Adeguimar, reconhecida internacionalmente, compartilha métodos de criação, valores simbólicos e a filosofia por trás das joias que, segundo ela, “são exclusivas e longevas, contrárias ao consumo descartável que o planeta já não suporta”.

A obra integra o projeto “Farei Joias”, iniciativa voltada à formação profissional de pessoas em situação de vulnerabilidade social. A cada 300 exemplares vendidos, duas oficinas são financiadas, com prioridade para comunidades indígenas e quilombolas. Até agora, cerca de 100 brasileiros já foram capacitados em técnicas de joalheria autoral. As próximas oficinas estão previstas para Peruíbe (SP), com o povo tupi-guarani, e em Sergipe, no Quilombo Quebra-Chifre, alcançando cerca de 40 mulheres.

Mais do que um livro técnico ou um relato de superação, O Farei Joias se propõe como manifesto sensível e prático. Ao transformar sua experiência em material educativo e inspirador, Adeguimar Arantes fortalece um elo entre tradição, cultura e inovação — mostrando que cada joia pode carregar não apenas um valor estético, mas também uma história de resistência e pertencimento.