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terça-feira, 24 de dezembro de 2024
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Juros detonam déficit nominal do governo central em junho

Os dados do Banco Central (BC) deixam pouco espaço para dúvidas a respeito do real impacto da política de juros altos, executada pelo próprio, sobre as contas do setor público e, mais especialmente, sobre o balançoentre receitas e despesas do governo central – entidade que reúne o governofederal e o mesmo BC, já contabilizando igualmente […]

Os dados do Banco Central (BC) deixam pouco espaço para dúvidas a respeito do real impacto da política de juros altos, executada pelo próprio, sobre as contas do setor público e, mais especialmente, sobre o balançoentre receitas e despesas do governo central – entidade que reúne o governofederal e o mesmo BC, já contabilizando igualmente as contas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O resultado nominal do governo geral, que inclui a União, os governos estaduais, prefeituras e estatais, foi literalmente detonado em junho pela escalada das despesas com juros, agravadas pelas perdas do BC nas operações de swap (troca, em tradução livre do inglês) realizadas na B3 – a Bolsa de Valores brasileira, estacionada na região central da capital paulista.

Nesse tipo de transação, o BC assume o risco cambial e acaba sofrendo prejuízos quando o real se desvaloriza em relação ao dólar. Foi o que ocorreu em junho deste ano. Ao longo do mês, pelo conceito de caixa, que mensura o impacto efetivo daquelas operações sobre o resultado do BC, a autoridade monetária realizou um prejuízo de R$ 28,608 bilhões, o que se compara com um ganho de R$ 20,462 bilhões registrado no mesmo mês do ano passado. Entre um período e outro, registrou-se um impacto negativo de R$ 49,070 bilhões, portanto, considerando o ganho que o BC deixou de ter e a perda de fato sofrida.

A mudança de sinais trouxe um reflexo extremamente negativo sobre as despesas com juros do BC e, portanto, sobre o seu resultado nominal, “contaminando” o desempenho fiscal de todo o setor público (mas especialmente do governo central). A nota sobre a política fiscal divulgada ontem pelo BC mostra uma redução no déficit primário do setor público como um todo, que reflete a diferença entre receitas e despesas, excluindo receitas de caráter financeiro e gastos com juros e amortizações. Em junho do ano passado, havia sido anotado um déficit de R$ 48,899 bilhões, número reduzido para R$ 40,873 bilhões no mesmo mês deste ano, numa redução de 16,41% (ou seja, R$ 8,026 bilhões a menos, em valores não atualizados pela inflação).

Rombo em queda

O déficit primário do governo central (União, Previdência e BC) encolheu 13,54%, saindo de R$ 46,480 bilhões para R$ 40,188 bilhões, numa redução equivalente a R$ 6,292 bilhões. A queda foi influenciada pela retração no déficit da Previdência naquele mês, que caiu de R$ 51,7 bilhões para R$ 44,899 bilhões (quer dizer, R$ 6,801 bilhões a menos, em baixa de 13,15%). A queda do rombo ocorreu num período de acirramento da retórica “austericida”, num mês marcado pela escalada da retórica em defesa de um ajuste fiscal que traga achatamento de despesas com educação, saúde e programas assistenciais direcionados aos mais pobres.

Mas a redução do déficit primário veio acompanhado de um salto no déficit nominal, que considera também as despesas com juros.

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