O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

domingo, 24 de novembro de 2024

Juros explicam quase todo o avanço da dívida pública bruta desde 2017

Como demonstrado neste espaço (O Hoje, 23/02/2024), a dívida do governo no Brasil cresceu muito menos do que o avanço experimentado pela dívida pública de outros países entre 2017 e 2023, considerando as estatísticas de organismos multilaterais e entidades privadas do setor financeiro mundial. O dado isoladamente deveria contribuir para desmontar ou pelo menos conter […]

Como demonstrado neste espaço (O Hoje, 23/02/2024), a dívida do governo no Brasil cresceu muito menos do que o avanço experimentado pela dívida pública de outros países entre 2017 e 2023, considerando as estatísticas de organismos multilaterais e entidades privadas do setor financeiro mundial. O dado isoladamente deveria contribuir para desmontar ou pelo menos conter o ímpeto catastrofista dos “loucos por um ajuste fiscal a todo custo”. Mas há mais dados a serem considerados. E não, esses dados não estão escondidos em escaninhos misteriosos mantidos pelo Banco Central (BC) apenas para dificultar a vida dos cidadãos. Os números estão perfeitamente disponíveis no site da mesma autoridade monetária e sua consulta não demanda esforços sobre-humanos.

Considerando os cálculos do BC, que em geral não correspondem àqueles informados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) por uma questão metodológica, a dívida bruta do governo geral de fato cresceu, em valores nominais, perto de 66,4% entre 2017 e 2023, subindo de pouco menos do que R$ 4,855 trilhões para R$ 8,079 trilhões. O total de riquezas produzidas pelo País em igual período aumentou quase na mesma proporção, mas um pouco abaixo, numa variação de 65,0% também em termos nominais, sem descontar o efeito gerado pela alta dos preços em geral sobre os valores dos bens e serviços produzidos e consumidos em todo o País.

Na estimativa mais recente do BC, o Produto Interno Bruto (PIB) teria alcançado em torno de R$ 10,868 trilhões no ano passado, diante de pouco mais de R$ 6,585 trilhões em 2017, num acréscimo de R$ 4,282 trilhões. O avanço da dívida bruta, como mostram os dados oficiais, chegou a R$ 3,225 trilhões. Os números parecem guardar alguma proporção, mas há uma diferença nada desprezível de R$ 1,057 trilhão entre o incremento da dívida e do produto. Isso explica a elevação da relação entre dívida bruta e PIB de 73,72% para 74,34% naqueles seis anos – números bramidos pelo “esquadrão austericida” como um sinal inequívoco da falência do Estado.

Causa maior

Um pouco mais de esforço na garimpagem de dados poderia lançar mais luzes sobre essa discussão, distorcida pela ferocidade ortodoxa dos neoliberais que dominam o debate econômico na grande mídia. Nos seis anos entre janeiro de 2018 e dezembro de 2023, a política eterna de juros altos gerou despesas do tamanho de 29,57% de tudo o que o Brasil produziu no ano passado, com um gasto acumulado ligeiramente superior a R$ 3,213 trilhões. Como visto logo acima, atenta leitora e atento leitor, a dívida registrou um aumento equivalente a R$ 3,225 trilhões no período analisado. Pode-se dizer, como mostram os dados, que os juros foram a principal causa do maior endividamento dos governos. Comparando os números, a conta dos juros respondeu nada mais, nada menos, por 99,65% do aumento registrado pelo passivo total do governo geral – que inclui a União, Previdência, BC, Estados, Distrito Federal e prefeituras.

Balanço

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos canais de comunicação do O Hoje para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.
Veja também