Lucro da SuperFrango salta 56,5% no 4º trimestre, mas cai 36,7% em 2023

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 17 de maio de 2024

Num ano de altos e baixos para preços e custos, maior concorrência e retomada das exportações para a China, a São Salvador Alimentos, dona das marcas SuperFrango, Boua e da plataforma online Mercado Sabor, conseguiu forte recuperação do resultado no final do ano passado, embora tenha encerrado o exercício com lucros em baixa. Segundo dados das demonstrações financeiras divulgadas pela empresa, que opera duas plantas de processamento de aves em Itaberaí e Nova Veneza, o lucro líquido experimentou alta de 56,5% no quarto trimestre do ano passado em relação ao mesmo período de 2022, saltando de R$ 61,238 milhões para R$ 95,831 milhões.

Dessa forma, a margem líquida de vendas, que considera a relação entre lucro e receita operacional líquida, atingiu 12,1% entre outubro e dezembro de 2023, frente a 8,0% em idêntico intervalo de 2022. Nos 12 meses de 2023, no entanto, a última linha da conta de resultados mostrou uma queda de 36,7% para o lucro da São Salvador, que despencou de R$ 284,676 milhões para R$ 180,165 milhões, derrubando a margem líquida de 9,4% para 6,0%. A recuperação observada no quarto final do ano, de acordo com o relatório da administração que acompanha o balanço financeiro da empresa, esteve relacionada a um crescimento de 7,2% no volume de produtos acabados vendidos no período, com altas de 49,9% nas vendas de produtos processados no mercado doméstico, explicado pelo início das operações da planta de processados em Itaberaí, inaugurada em janeiro do ano passado, e de 24,5% nos embarques para o mercado externo, “sobretudo devido à retomada das vendas para o mercado chinês a partir do primeiro trimestre de 2023”.

Melhorias ao final do período

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Os preços médios de venda recuaram 1,4% no mercado interno, ainda na comparação entre o quarto trimestre de 2023 e igual período de 2022, refletindo a maior concorrência com o mercado de carnes bovina e suína, motivada pelos preços relativamente mais baixos no segmento. Mas lá fora registrou-se valorização de 6,5%. O setor de aves foi ainda favorecido pela redução nos custos do milho e do farelo de soja, utilizados na nutrição dos plantéis. Esses movimentos sancionaram um incremento de 3,7% para a receita líquida, que avançou de R$ 763,668 milhões no último trimestre de 2022 para R$ 792,261 milhões; e uma redução de 4,5% no custo das mercadorias vendidas, saindo de R$ 580,407 milhões para R$ 554,447 milhões. Ajustado, o resultado antes de juros, tributos, depreciação e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) cresceu 44,7% frente aos três últimos meses de 2022, elevando-se de R$ 116,839 milhões para R$ 169,119 milhões. A margem líquida sobre a receita operacional líquida subiu de 15,3% para 21,3%.

Balanço

  • No fechamento do exercício, no entanto, os números do balanço foram afetados mais negativamente pelos resultados observados nos trimestres anteriores, marcados pelo encarecimento do milho e do farelo e baixas mais pronunciadas nos preços médios de venda aqui dentro e lá fora. A receita líquida recuou ligeiramente de quase R$ 3,038 bilhões para R$ 2,988 bilhões, em valores arredondados, enquanto os custos das mercadorias vendidas avançaram 2,3%, saindo de R$ 2,295 bilhões para algo ao redor de R$ 2,347 bilhões.
  • Adicionalmente, as despesas operacionais anotaram elevação de 8,9%, saindo de R$ 384,435 milhões em 2022 para R$ 418,704 milhões no ano seguinte. O Ebitda ajustado encolheu 26,4% na mesma comparação, baixando de R$ 493,281 milhões para R$ 362,958 milhões, o que derrubou a margem líquida de 16,2% para 12,1%. Mesmo diante de uma redução de 8,5% nas despesas financeiras líquidas, o lucro final desabou 36,7% entre os dois exercícios analisados, encolhendo de R$ 284,676 milhões para R$ 180,165 milhões.
  • A empresa realizou investimentos fixos de R$ 305,6 milhões, dos quais R$ 276,4 milhões foram destinados à expansão do imobilizado (ativos físicos, como terrenos, edificações, instalações, máquinas e equipamentos), outros R$ 3,3 milhões foram direcionados para arrendamentos e R$ 25,9 milhões a bens intangíveis. Em busca de ganhos de eficiência e ainda para atender a expansão do próprio negócio, a São Salvador iniciou no ano passado os projetos do túnel de congelamento na planta de Nova Veneza e de desossa automática e selados nas suas duas unidades. “Acreditamos que o aquecimento das vendas internas e externas se manterá nos próximos anos e estamos preparados para aproveitar as oportunidades”, sustenta a companhia.
  • A capacidade de abate nas duas plantas atingiu 530,0 mil aves por dia, com o abate médio diário crescendo 6,2% entre 2022 e 2023, passando de 418,0 mil para 444,0 mil animais. Diante do parque já instalado, a empresa aguarda o aumento da produção de frangos vivos de atuais e futuros criadores integrados, “já mapeados” conforme a companhia, para ampliar sua produção. A dívida líquida da São Salvador cresceu 9,9% no ano passado, de R$ 704,949 milhões um ano antes para R$ 774,669 milhões, correspondendo a 2,13 vezes o Ebitda acumulado em 12 meses, níveis considerados confortáveis pela companhia. O caixa da empresa saltou 45,5% entre dezembro de 2022 e o fechamento de 2023, avançando de R$ 236,736 milhões para R$ 344,459 milhões.
  • Uma das empresas do consórcio Limpa GYN, que assumiu a coleta de lixo e varrição mecanizada em Goiânia, num contrato de R$ 470,3 milhões ao serem realizados em dois anos, a Quebec Construções e Tecnologia Ambiental S/A elevou seu lucro líquido em 66,54% no ano passado. O resultado avançou de pouco mais de R$ 4,126 milhões em 2022 para R$ 6,872 milhões em 2023, com salto de 74,34% em sua receita líquida, que saiu de R$ 140,889 milhões para quase R$ 245,620 milhões.
  • Os custos diretos sobre os serviços prestados mais do que triplicaram no período, de R$ 58,256 milhões para R$ 182,139 milhões, provavelmente acompanhando o crescimento dos contratos em carteira. As despesas operacionais líquidas de receitas, no entanto, foram reduzidas de R$ 76,619 milhões para R$ 54,265 milhões, em baixa de 29,18%. Um dado do balanço patrimonial chama a atenção: o saldo de empréstimos e financiamentos no passivo saltou 119,96%, de R$ 16,009 milhões para R$ 35,212 milhões, puxado por operações de curto prazo, que passaram a responder por 81,75% do estoque diante de 45,27% em 2022.