Coluna

Lucro de Cachoeira Dourada cresceu 19% em 2018 e aproximou-se de R$ 240 milhões

Publicado por: Sheyla Sousa | Postado em: 26 de junho de 2019

O
resultado líquido da Enel Green Power Cachoeira Dourada, que controla a usina
do mesmo nome no sul de Goiás, apresentou crescimento de 19,1% no ano passado,
avançando de R$ 201,355 milhões para R$ 239,881 milhões, refletindo o
crescimento das vendas de energia e das receitas, além do forte incremento no
resultado financeiro do exercício. A receita bruta cresceu 22,6% em relação a
2017, saindo de R$ 1,795 bilhão para quase R$ 2,202 bilhões, como reflexo do “maior
volume de energia vendida” e melhoria nos“preços contratuais de venda entre os
períodos comparados”, de acordo com a empresa.

Em
volume, a geradora vendeu 11.044 gigawatts/hora no ano passado, 15,9% a mais do
que em 2017, dos quais perto de 74% foram representados por energia comprada
“por meio de contratos bilaterais e no mercado spot”. A receita operacional
líquida cresceu praticamente no mesmo ritmo do faturamento bruto, avançando
23%, de R$ 1,603 bilhão para R$ 1,971 bilhão. Turbinados pelos gastos com a
compra de energia para revenda, que aumentaram 29,3% (de R$ 1,139 bilhão para
R$ 1,473 bilhão), os custos do serviço e despesas operacionais saltaram 26%,
para quase R$ 1,636 bilhão (saindo de R$ 1,603 bilhão no exercício anterior). A
compra de energia respondeu por 90,1% dos custos e despesas.

Cachoeira
Dourada, que mantém a mesma capacidade instalada de 658 megawatts dos tempos da
privatização, no final dos anos 1990, mais que dobrou seu investimento em 2018,
elevados de R$ 5,343 milhões para R$ 11,063 milhões (107,1% a mais). O
resultado antes de impostos, juros, depreciação e amortizações (Ebitda, na
sigla em inglês) atingiu R$ 398,551 milhões (8,2% a mais), saindo de R$ 368,213
milhões em 2017. A margem do Ebitda, no entanto, recuou de 22,97% para 20,22%.

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Ganhos
financeiros

A
conta financeira, já descontadas as despesas nesta área, apresentou um
resultado líquido de R$ 29,263 milhões, saltando praticamente 1.662% na
comparação com R$ 1,661 milhão no ano anterior. O ganho foi influenciado pelo
crescimento de 59,5% registrado pelas receitas financeiras (de R$ 21,141
milhões para R$ 54,651 milhões), “devido, principalmente à uma maior receita
referente aos juros e atualização monetária decorrentes de ativos registrados
relativos à venda de energia no mercado de curto prazo”.

Balanço

·  
Olhando
para trás, aestratégia de venda da usina hidrelétrica de Cachoeira Dourada em
setembro de 1997 para a espanhola Endesa ajudou a desmantelar a Celg,
inicialmente com a cisão da empresa e consequente constituição de uma companhia
à parte, formada exclusivamente pela geradora, separada do negócio de
distribuição.

·  
Na
sequência, a privatização em si privou a estatal definitivamente das receitas
trazidas pela geração e ainda criou nova central de custos, representada pela
obrigação de comprar energia no mercado para abastecer seu mercado. Tudo isso
agravado por anos de má gestão e decisões equivocadas.

·  
No
leilão de privatização de Cachoeira Dourada, a Endesa saiu-se vencedora com um
lance de R$ 779,757 milhões a valores da época, envolvendo dinheiro vivo e uma
operação que transferiu ao Tesouro estadual a responsabilidade por um passivo
estimado à época em R$ 238,0 milhões (a valores atuais, algo como R$ 1,219
bilhão). Os valores líquidos aproximaram-se de R$ 542,0 milhões, qualquer coisa
ao redor de R$ 2,780 bilhões.

A valores de maio deste ano, corrigidos pelo
Índice Geral de Preços (IGP-DI), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), considerando
o valor “cheio” do leilão, a usina saiu por R$ 3,994 bilhões. Para comparar, a
Celg Distribuição, com toda sua estrutura e pouco mais de 2,8 milhões de
clientes no final de 2016 (em torno de 3,0 milhões em 2018), foi vendida por R$
2,441 bilhões também em números corrigidos pelo IGP-DI até maio deste ano. A
cisão da empresa, lá atrás, foi um erro estratégico, por falta de visão ou
açodamento, perspectiva reforçada por décadas de lucros acumulados pela empresa
de geração.