Lula e os desafios da famosa governabilidade
O terceiro mandato do presidente Lula caminha por trilhas estreitas, onde a manutenção da governabilidade depende de uma complexa negociação com o Congresso Nacional e de um delicado equilíbrio com o Supremo Tribunal Federal (STF) — embora as más línguas apontem para um acordo implícito entre o STF e o Executivo.
Três pautas, em especial, ilustram esse cenário: a isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil, o impasse sobre o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a disputa em torno das emendas parlamentares.
A proposta de isenção fiscal, promessa de campanha, enfrenta resistência entre os parlamentares, sobretudo pela ausência de compensações orçamentárias claras. Os dados apontam para uma impossibilidade orçamentária.
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Já a disputa sobre o IOF, que envolveu a suspensão de decretos pelo STF, escancarou a tensão institucional e a dificuldade do Executivo em formar consensos. Por fim, o nó das emendas parlamentares — especialmente as chamadas “emendas PIX” — alimenta a insatisfação de congressistas e fragiliza a base governista.
O pano de fundo é uma antecipação do clima eleitoral de 2026 e uma crescente oposição articulada na Câmara dos Deputados e Senado Federal. A ameaça de “pautas-bomba” tornou-se arma política e o STF, cada vez mais, funciona como árbitro entre os Poderes — o que tem levantado questionamentos crescentes na sociedade civil.
Em um tabuleiro em constante tensão, Lula se vê forçado a negociar suas políticas públicas, os chamados projetos prioritários. A oposição no Legislativo tem chamado a atenção para um possível rompimento das regras do jogo democrático com a judicialização da política. Desse modo, os caminhos entre os Poderes seguem distantes. (Especial para O Hoje)