Lula opta por tencionar comunicação: “Os pobres contra os ricos”


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) opta por tencionar a sua comunicação em meio ao fracasso com a articulação política. À Xadrez, o cientista político Lehninger Mota apontou que o governo enfrenta um cenário político desafiador, e há dois caminhos possíveis — que não se excluem — para enfrentar a crise de articulação com o Congresso.
O primeiro é investir em uma aproximação ideológica maior com a centro-esquerda, com adoção de pautas voltadas à população mais pobre, mesmo que isso signifique um embate direto com o Parlamento. O segundo caminho é a judicialização de temas estratégicos, com o apoio do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente diante da resistência de partidos que, mesmo na base do governo e à frente de ministérios, têm votado contra pautas centrais para o Executivo.
Leia mais: Wilder Morais se reúne com Bolsonaro em São Paulo antes de ato na Paulista
Apesar do esforço de diálogo, como as viagens ao lado dos presidentes da Câmara e do Senado, Lula enfrenta um Centrão cada vez mais caro politicamente. A liberação de emendas virou moeda constante, e ainda assim não há garantia de fidelidade nas votações.
O especialista finaliza ao apontar que, com a popularidade em queda, cresce o custo para manter apoio parlamentar. Lula pode optar por tensionar sua comunicação ao evidenciar que o Congresso tem barrado medidas em favor dos mais pobres ou pode intensificar a via judicial para assegurar avanços.
Alternativamente, pode buscar um novo pacto institucional que envolva Executivo, Legislativo e Judiciário para redefinir prioridades e conter os gastos públicos. O caminho, porém, é instável e exige estratégia constante. (Especial para O Hoje)