Coluna

Muitos erros e raros acertos marcaram derrota do marconismo

Publicado por: Sheyla Sousa | Postado em: 08 de outubro de 2018

A primeira derrota do marconismo em Goiás, desde a icônica
vitória sobre o PMDB em 1998, foi marcada por seguidos erros políticos e de
comunicação ao longo da campanha deste ano. O resultado não ser poderia pior ou
mais surpreendente. O governador José Eliton (PSDB) perdeu no primeiro turno e sequer
ficou em segundo, atrás de Daniel Vilela (MDB), enquanto o ex-governador
Marconi Perillo (PSDB) sofreu a primeira derrota da carreira. Começou liderando
pesquisas, mas não passou de um ínfimo quinto lugar e 7% dos votos. A campanha
de Zé Eliton não manteve o conceito inicial, que buscava descolar o tucano da
imagem sabida e naturalmente desgastada do governo e, principalmente, de
Perillo, após 20 anos. A presença e liderança de marconistas na campanha
suprimiu as ideias de grupo formado por seis profissionais qualificados, entre
jornalistas, marqueteiros e publicitários, e acabou por colar, ainda mais, o
nome de Zé no de Marconi. Neste processo, a operação Cash Delivery foi a última
pá no que pode ser o sepultamento do marconismo em Goiás.

Incólume

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A campanha tucana não conseguiu atingir o governador eleito,
Ronaldo Caiado (DEM), ao longo de toda a campanha. Ao contrário, o próprio
governo criou fatos políticos negativos à candidatura de Eliton, como as crises
na Saúde, Educação e Segurança.

Distância

A falta de engajamento de prefeitos e candidatos a deputado
federal e estadual foi determinante. O cenário de liderança de Caiado incentivou,
mas a desmotivação da base não foi efetivamente combatida pelos líderes
tucanos.

Caiado fez maior
bancada

Além da expressiva vitória no primeiro turno ao governo de
Goiás, o senador Ronaldo Caiado (DEM), já conta com a maioria dos deputados
eleitos para a legislatura da Assembleia Legislativa, que se inicia no dia 1º
de fevereiro 2019. Os partidos aliados ao senador na eleição, divididos em
diferentes coligações, conseguiram eleger 18 deputado estaduais. O número
representa a maior bancada, já que as siglas ligadas ao PSDB, do governador
José Eliton, alcançou a vitória de 15 parlamentares e os coligados ao MDB, de
Daniel Vilela, fizeram seis. O mais bem votado foi o agora caiadista Henrique
César (PSC) (foto), com 46.545 votos. Ele é suplente na atual legislatura e
chegou a assumir o mandato formando base aliada ao governo tucano. Além dos
números resultantes da eleição, a tendência de crescimento constante da bancada
aliada ao governador eleito, já que deputados e partidos que pediram votos a
Daniel e Eliton devem buscar a base de apoio a Caiado nos próximos dias, quando
também são intensificadas as conversas para eleição da nova Mesa Diretora.

CURTAS

Partido grande
Depois de eleger apenas um deputado federal em 2014 e chegar a oito durante o
atual mandato, o PSL de Jair Bolsonaro fez 51 parlamentares.

Bancadas ­– A
sigla passa a representar a segunda maior bancada partidária na Câmara dos
Deputados, atrás apenas do PT que elegeu 57 nomes (contra 70 em 2014).

Queda livre
Além do derretimento da candidatura de Geraldo Alckmin, o PSDB elegeu 29
deputados federais. Em 2014, foram 53.

Terra arrasada

As primeiras declarações ontem de Ronaldo Caiado (DEM) após
a vitória indicam que o democrata não pretende perder muito tempo do mandato
preso no discurso sobre herança maldita. A intenção é “em pouco tempo”,
resolver os problemas.

O processo

“Queremos implementar um processo de pacificação no Estado.
Teremos tolerância zero com a corrupção e pretendemos ter o apoio dos
funcionários públicos para reerguer Goiás, porque sem eles não conseguiremos”,
disse o governador eleito.

Autocrítica

A senadora Lúcia Vânia (PSB) não conseguiu a reeleição e
ficou em quarto lugar, atrás dos eleitos, Vanderlan Cardoso (PSDB) e Jorge
Kajuru (PRP), e do colega de Senado, Wilder Morais (DEM). A pessebista admite
erros da campanha governista.

Moço de antes

“Teríamos que fazer a campanha junto com o candidato a
governador, como eu e Caiado fizemos com Marconi, quando ele era desconhecido.
Isso dá outro peso”, disse Lúcia em referência a 98, quando apontava o então “moço da camisa azul”.

Mito daqui

O senador eleito por Goiás, o vereador Jorge Kajuru (PRP) afirma
que é o “mito desta eleição” e pretende ter postura “independente” em Brasília a
partir de 2019. A declaração aborda também a relação com Ronaldo Caiado.

Pela democracia

O ministro da Segurança, Raul Jungmann, definiu que
denúncias de fake news são apuradas. “Quem tentou induzir a possibilidade de
fraude será responsabilizado ou punido”, disse. Tudo para garantir a segurança
das urnas. Ainda bem.