Extrema pobreza cai 50% desde 2021. Nordeste responde por metade da queda.
O número de pessoas em situação de extrema pobreza em todo o país experimentou queda de 50,4% desde 2021, quando o corte nos programas sociais e especialmente no antigo Bolsa Família (depois renomeado como Auxílio Brasil) elevou a vulnerabilidade das famílias mais pobres a níveis recordes, considerando a série detalhada pelo Centro de Estudos para […]
O número de pessoas em situação de extrema pobreza em todo o país experimentou queda de 50,4% desde 2021, quando o corte nos programas sociais e especialmente no antigo Bolsa Família (depois renomeado como Auxílio Brasil) elevou a vulnerabilidade das famílias mais pobres a níveis recordes, considerando a série detalhada pelo Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). Com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), quatro economistas do centro de estudos mostram que o total de pessoas na extrema pobreza caiu de quase 19,201 milhões em 2021 para algo abaixo de 9,529 milhões no ano passado, numa redução correspondente a pouco mais de 9,627 milhões de brasileiros.
Entre aqueles considerados em situação de pobreza, o total caiu relativamente menos, mas experimentou, de todo modo, uma redução importante, saindo de 78,384 milhões para 60,406 milhões de pessoas, ou seja, 17,978 milhões a menos, em uma baixa de 22,9%. Os dados da PNADC foram trabalhados pelos pesquisadores Flávio Ataliba Barreto, coordenador do centro de estudos, João Mário S. de França e Vitor Hugo Miro, com a colaboração do economista Arnaldo Santos, também do Ibre/FGV, em texto mais recente sobre o mesmo tema.
Proporcionalmente, o Nordeste, região que concentra a maior parcela de pobres e muito pobres, registrou a maior contribuição para a redução da extrema pobreza no país. O contingente de nordestinos extremamente pobres foi reduzido de 10,130 milhões em 2021 para 5,262 milhões no ano passado, numa diminuição de 4,868 milhões em números aproximados – ou seja, 50,33% da queda observada em todo o país, embora a variação negativa tenha sido levemente inferior àquela registrada para o conjunto das regiões. Para comparar, enquanto as pessoas em extrema pobreza foram reduzidas em 50,4% na média do país, conforme já anotado, a baixa no Nordeste chegou a 48,1%.
Pior no Nordeste
Os índices de pobreza e de extrema pobreza, que haviam alcançado níveis recordes em 2021, representando 36,7% e 9,0% do total de brasileiros, respectivamente, baixaram para 31,7% e menos de 6,1% no ano passado. Para o Nordeste, os pesquisadores encontraram uma relação de 47,4% e de 9,1% para os contingentes de pobres e extremamente pobres, nessa mesma ordem. A região continua apresentando os piores indicadores nesta área, concentrando 45,6% do total de pobres e 55,2% das pessoas no extremo da pobreza no Brasil. No primeiro caso, houve mesmo uma piora no cenário, já que, em 2012, o Nordeste havia representado 44,9% do total de pessoas pobres no país. No extremo dessa escala de iniquidade, a participação dos nordestinos chegou a baixar de 59,2% em 2012 para 55,2% em 2013, mas acima da participação de 52,8% observada em 2021.