O que a imprensa pouco comentou sobre o julgamento do “Núcleo Crucial”


Apesar de a maioria dos veículos de imprensa optarem por mostrar o pior lado dos depoimentos do julgamento do “Núcleo Crucial” por tentativa de golpe, o tenente-coronel Mauro Cid, que fez acordo de delação premiada, alegou que nunca teve contato com nenhuma liderança, nenhum financiador: “Sabíamos o que estava acontecendo pelas mídias sociais, mas o núcleo interno não mantinha contato com ninguém”.
O general Augusto Heleno, o ex-ministro Anderson Torres e o ex-presidente Jair Bolsonaro, no mesmo sentido, disseram que souberam dos fatos ocorridos na Praça dos Três Poderes pelas redes sociais e outras mídias. Um argumento que tem sido levantado desde o início pelas defesas é que o Supremo Tribunal Federal (STF) não consegue provar muitos dos fatos apontados nas acusações. Há uma observação a ser feita nos interrogatórios até aqui: todos, até os levantados por meio de mensagens e depoimentos, não conseguem ligar os réus aos chamados atos antidemocráticos do 8 de janeiro.
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Obviamente, se percebe que, pelo histórico, o ministro Alexandre de Moraes provavelmente condenará o grupo à prisão. Mas o que não se pode perder de vista é que se houver realmente uma condenação, que seja provado o envolvimento nos atos. Uma vez que o Brasil passar a condenar qualquer especulação criminosa, a sociedade estará em um caminho muito perigoso, visto que em qualquer sociedade que almeja ser livre, ou se proclame como tal, se condena ações e não desejos incipientes. (Especial para O Hoje)