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sábado, 23 de novembro de 2024
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Ocupação e desemprego sugerem que juros poderiam cair mais rapidamente

As marcas históricas registradas pela edição mais recente da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não correspondem precisamente a novos recordes, quando analisadas sob a perspectiva da mesma série estatística e considerando outros indicadores. Não se trata de contestar os dados trazidos pela pesquisa, […]

As marcas históricas registradas pela edição mais recente da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não correspondem precisamente a novos recordes, quando analisadas sob a perspectiva da mesma série estatística e considerando outros indicadores. Não se trata de contestar os dados trazidos pela pesquisa, referentes ao trimestre entre setembro e novembro do ano passado, mas de apresentá-los em perspectiva diversa, numa contribuição ao debate sobre o suposto “sobreaquecimento” do mercado de trabalho, avaliação que tem sido mencionada como justificativa para que o Banco Central (BC) mantenha a moderação descabida aplicada ao processo de redução dos juros básicos.

Ao contrário do que sugere esse tipo de argumento, o comportamento recente da ocupação e do desemprego sugere que os juros poderiam estar em queda mais acelerada sem que isso pudesse concorrer para gerar pressões adicionais sobre a inflação, supostamente insufladas pelo incremento insustentável da atividade econômica e, portanto, da demanda doméstica. Num complemento, o ritmo apresentado pela economia na segunda metade de 2023 mostra uma atividade já em desaceleração, o que tende a corresponder a pressões menos intensas sobre os preços em geral.

Conforme já registrado pela imprensa e neste espaço, a população ocupada atingiu no trimestre encerrado em novembro seu mais nível desde o início da série histórica mais recente do IBGE, em 2012, somando 100,508 milhões de trabalhadores com algum tipo de ocupação. No mesmo trimestre, a força de trabalho – o total de trabalhadores com 14 anos ou mais empregados ou em busca de um emprego no período da pesquisa – representou por mais de 62,0% da população em idade ativa (todos aqueles com idade igual ou superior a 14 anos), o que significa dizer que 108,710 milhões de trabalhadores encontravam-se ocupados ou estavam desempregados, mas mantinham-se a procura de uma colocação, diante de 175,229 milhões com 14 anos ou mais de idade.

Desemprego mais alto

Para comparação, entre julho e outubro de 2019, em torno de 63,8% da população em idade ativa estava na força de trabalho, num recorde para a série histórica até o momento. Caso a mesma proporção tivesse sido observada na PNADC realizada entre setembro e novembro deste ano, a força de trabalho estaria mais próxima de 111,796 milhões, em torno de 3,086 milhões a mais do que o dado de fato registrado pela pesquisa – ou 2,8% a mais. Considerando que a economia teve fôlego para gerar aquelas 100,508 milhões de vagas, o número de desempregados teria experimentado um salto de 37,6%, atingindo algo não muito distante de 11,288 milhões. Obviamente, a taxa de desocupação, atualmente em torno de 7,5%, também avançaria, aproximando-se de 10,1%. Apenas para comparar, a taxa de desemprego estaria não muito distante daquela observada no trimestre entre fevereiro e abril de 2022, quando havia alcançado 10,5%.

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