País atrai pacotes tecnológicos importados para suas lavouras

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 21 de janeiro de 2023

Líder mundial na produção de soja, com uma safra prevista em 152,7 milhões de toneladas no ciclo 2022/23, nos dados mais recentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a maior em toda série histórica, o Brasil continua a atrair fornecedores globais de pacotes tecnológicos, desde sementes e defensivos a sistemas de gestão e plataformas inteligentes, que otimizam a operação, reduzindo custos e maximizando ganhos. Em linhas gerais, com as exceções devidas, aqueles pacotes são desenvolvidos lá fora e apenas adaptados às condições domésticas de solo, clima e meteorológicas.

No mais recente desdobramento dos avanços em curso no setor, a Stine Sementes desembarca no País com a apresentação ao mercado de 22 novas variedades de soja destinadas especialmente aos plantios em áreas de Cerrado, parte delas ainda em pré-lançamento e outras já disponíveis no mercado. Criada em 1940 por agricultores, com sede em Iowa, nos Estados Unidos, a Stine detém, na descrição da própria empresa, “maior banco de germoplasma de soja do mundo”, respondendo por dois terços de toda a soja cultivada naquele país.

Desenvolvidas em parceria com a Corteva Agriscience, a Stine estreia no País com sementes que incorporam biotecnologias Enlist E3® e Conkesta E3®, tolerantes a três classes de herbicidas. Além da resistência a defensivos, as sementes asseguram proteção das lavouras contra as principais lagartas que infestam a soja, agregando os genes Cry 1F e Cry1Ac da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), em geral encontrada nos solos e que atuam precisamente no combate a lagartas.

Continua após a publicidade

Cinco vezes mais

No País há quase três anos, o sistema Cropwise Protector aumentou sua base de clientes ativos em quase cinco vezes entre as safras 2020/21 e 2021/22, cobrindo mais de 10 mil fazendas e monitorando perto de 6,0 milhões de hectares, principalmente de soja e milho, mas também de algodão, cana e café, aponta Flora Viana do Carmo, gerente de marketing global da Syngenta Digital. A plataforma pode ser utilizada de forma integrada com o Cropwise Imagery, que permite acesso a imagens de satélite em alta resolução da lavoura a ser monitorada. O Protector entrega literalmente nas mãos do produtor e de seu time de técnicos agronômicos, por meio de celular ou tablet, dados que facilitam o manejo do solo e gera ainda mapas de calor com identificação de áreas eventualmente infestadas por plantas daninhas, permitindo a aplicação localizada de defensivos.

Balanço

  • A Adama, também do grupo Syngenta, reforçou suas apostas na plataforma de biossoluções lançada globalmente há praticamente três anos e que contempla também o segmento de formulações. Nesta área, aponta Alexandre Pires, diretor de marketing da companhia para o Brasil, a Adama trouxe para o Brasil a tecnologia patenteada globalmente pela multinacional como T.O.V., uma formulação líquida com dispersão à base de óleo que otimiza a operação e simplifica a aplicação pelo produtor, promovendo maior aderência do defensivo às folhas da planta e evitando o entupimento dos bicos de pulverização.
  • Numa segunda novidade, a linha High Load apresenta maior concentração de princípios ativos, permitindo aplicações mais racionais, menor uso de caminhões na distribuição do produto e redução do número de embalagens. “Entre a fábrica e os distribuidores, são 100 carretas a menos por ano. Além disso, em torno de 150 mil embalagens deixam de ir para o campo anualmente”, estima Pires.
  • Reunindo ferramentas de Big Data, inteligência artificial, blockchain e segurança de rede, agregando ainda serviços em nuvem, a Grão Direto ajudou a trazer a trazer a digitalização para dentro das transações de compra e venda das safras. Em operação desde 2017, a plataforma construída pela startup oferece a produtores “apoio em todas as etapas da negociação, permitindo o acompanhamento dinâmico dos preços nos mercados físico e futuro, oferecendo serviços de inteligência de mercado, precificação em tempo real, projetos de barter e gestão de contratos digitalmente”, resume Alexandre Borges, CEO e um dos criadores da empresa.
  • Instalada em Uberaba (MG), a Grão Direto foi a primeira do segmento a firmar parceria, no final de 2020, com o CME Group e já atraiu investimentos superiores a R$ 56,0 milhões, registrando mais de 260 mil downloads de seu aplicativo. Apenas no ano passado, detalha Borges, a plataforma negociou em torno de 1,0 milhão de toneladas, principalmente de soja, milho e sorgo. A meta para os próximos dois anos é multiplicar aquele valor em 10 vezes.
  • Desenvolvido pelo técnico agrícola José Renato Fávaro com exclusividade para a mineira Start Química, o retardante de incêndios Hold Fire, fabricado a partir de óleos orgânicos e silício, “é 100% biodegradável e pode ser utilizado diretamente no combate ao fogo assim como na instalação de aceiro frio para conter as chamas” em canaviais e outras lavouras, descreve Jander Filho, gestor comercial da linha de agro da empresa. Instalada em Uberlândia, a Start Química atende principalmente usinas de cana e tem crescido em torno de 20% ao ano, conforme o executivo, prevendo alcançar em torno de 20,0 mil litros em vendas neste ano.