Coluna

Para IMB, baixa no PIB goiano ficou limitada a 2,4% no segundo trimestre

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 18 de setembro de 2020

Caso
as projeções ainda preliminares do Instituto Mauro Borges de Estatísticas e
Estudos Socioeconômicos (IMB) venham a ser confirmadas mais adiante, a economia
goiana teria demonstrado, no segundo trimestre deste ano, maior resiliência do
que sugerem os dados apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) para o restante do País. Em informe técnico divulgado na
quarta-feira, 16, o IMB antecipa a previsão de um recuo de apenas 2,4% para o
Produto Interno Bruto (PIB) de Goiás na comparação com o segundo trimestre do
ano passado, no pior resultado para o período desde 2017, mas ainda assim muito
mais “leve” do que o tombo de 11,4% identificado para o total das riquezas
geradas pelo País em igual período.

A
despeito dessa resiliência inferida a partir das séries estatísticas do órgão
estadual, os números foram bem piores do que aqueles registrados no segundo
trimestre de 2019, quando a estimativa do IMB chegou a apontar crescimento de
2,8% para o PIB local, diante da variação de 1,1% no conjunto dos demais
Estados brasileiros. A economia goiana teria encerrado 2019 com alta de 2,5%,
apresentando um ritmo mais de duas vezes superior aos números médios
registrados pelo País, com o PIB avançando somente 1,1%.

Até
o segundo trimestre deste ano, ainda em Goiás, quedas menos intensas para a
indústria e para os serviços e um avanço mais vigoroso para a agropecuária,
sempre em relação aos resultados médios alcançados por aqueles setores em todo
o País, conforme o IMB, ajudam a entender os números menos ruins registrados no
Estado. O setor agropecuário elevou seu PIB em 4,7%, apontando alguma acomodação
depois do salto de 18,0% operado no primeiro trimestre deste ano, com a
intensificação dos trabalhos de colheita das safras de verão. Aquelas taxas se
contrapõem a variações de 1,9% e de 1,2% no primeiro e segundo trimestres
alcançadas pela agropecuária em todo o País. A redução do PIB, acrescenta o
IMB, “em parte, (…) se deve às medidas de isolamento social adotadas pelos
governos na tentativa de conter a pandemia da Covid-19. No período muitas
atividades econômicas não essenciais permaneceram fechadas, afetando, também, a
renda das famílias e influenciando os resultados obtidos”.

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Estrago menor?

Conforme
a nota do IMB, “as estimativas mais atualizadas referentes à produção agrícola
para o ano de 2020 mostram recuperação na produção e produtividade da soja, na
comparação com o ano anterior, alcançando taxas de 16,0% e 11,1%,
respectivamente. Além disso, a cana de açúcar apresentou aumento da produção e
produtividade, sendo uma cultura importante para a economia goiana”. A
participação do setor no valor agregado ao PIB regional, no entanto, é baixa,
girando ao redor de 11,3%. Por isso, a contribuição mais relevante,
considerando-se as estimativas apresentadas pelo instituto, veio do menor
estrago causado pela pandemia na indústria e no setor de serviços em Goiás, em
termos proporcionais. Isso não significa que aqueles setores tenham sido
poupados pela crise sanitária.

Balanço

·  
A
participação mais relevante da indústria de alimentos em sua composição,
representando perto de 39,0% do valor da transformação industrial, contribuiu
para que o PIB industrial tivesse apresentado redução de 2,1% no segundo
trimestre, enquanto todo o restante da indústria brasileira mergulhava num
tombo histórico de 12,7%.

·  
Apenas
como referência, a fabricação de produtos alimentícios experimentou crescimento
de 8,2% entre o segundo trimestre de 2019 e igual período deste ano, com altas
ainda de 9,2% para a produção de medicamentos – outro
segmento “favorecido” pela crise, diante da maior demanda por seus produtos.

·  
Houve
empurrão ainda da indústria extrativa, que ampliou sua produção em 15,9% no
segundo trimestre, diante de variação limitada a 2,1% para o conjunto da
indústria de transformação. O crescimento do setor de extração mineral,
conforme o IMB, deve ser creditado ao aumento na produção de fosfatos e pedra
calcária.

·  
Num
prenúncio de que pode vir adiante, a produção industrial no Estado recuou 0,3%
na saída de junho para julho, mostrando agora desempenho inferior à média
brasileira, que avançou 8,0% no mesmo intervalo. Mas, na comparação com julho
de 2019, enquanto o setor sofreu perda de 3,0% no País, em Goiás foi registrado
avanço de 4,0%.

·  
No
acumulado entre janeiro e julho deste ano, em relação aos mesmos sete meses de
2019, a produção industrial goiana anotou leve incremento de 1,7% (mas acima da
retração de 9,6% anotada para todo o restante do setor no País). Descontada a
indústria de alimentos, no entanto, a produção dos demais segmentos da
indústria goiana teria recuado 0,22%.

·  
O
PIB do setor de serviços no Estado, que responde por 67,0% de toda a economia,
encolheu de forma modesta, se for considerada a queda de 11,2% registrada no
País. Aqui, a redução ficou limitada a 3,9%, num percentual que à primeira
vista parece não fazer muito sentido quando se considera que as medidas de
afastamento haviam sido mais duras em abril e parte de maio, atingindo com
maior rigor restaurantes, bares, hotéis, turismo e todo leque de serviços
prestados às famílias, principalmente.

·  
Aparentemente,
a “compensação”, de certa forma, veio do comportamento das vendas no varejo
“ampliado”, que inclui concessionárias de veículos e motos, revendas de peças e
de material de construção, além das lojas varejistas mais convencionais. O
setor encolheu 13,7% no segundo trimestre, abaixo do retrocesso verificado em
todo o País, na faixa de 15,0%.

·  
Em
junho e julho, no entanto, a atividade no setor de serviços, em Goiás, sem
considerar as vendas do comércio, sofreu baixas de 13,0% e de 14,5%, pela
ordem, num ritmo mais forte do que o nacional (quedas de 12,2% e de 11,9%
respectivamente). Nos primeiros sete meses deste ano, os serviços encolheram
9,8% em Goiás e 8,9% na média brasileira.