Para reverter desgaste, Lula deve retomar articulação política e ajustar comunicação


No seu terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sofre severas crises de imagem. Em primeiro lugar, a falta de capacidade de emplacar os seus projetos políticos no Congresso Nacional demonstra que o líder da esquerda não goza do mesmo fôlego dos seus dois primeiros mandatos. Em segundo, o desgaste nas pesquisas demonstra que enfrenta dificuldades em lidar com as novas formas de se comunicar com a sociedade. Nesse sentido, Lula continua o mesmo líder do seu passado glorioso — e esse é o problema.
Um interlocutor do partido em Goiás aponta que para reverter essa desaprovação será necessário seguir uma estratégia que una ações práticas, ajustes na comunicação e melhorar a articulação política. Em sua visão, precisa reorganizar a gestão, fortalecer ministérios entregues a partidos estratégicos e melhorar o diálogo com o Congresso, marcado por um ambiente de baixa governabilidade.
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Na comunicação, é fundamental evitar declarações polêmicas e adotar uma abordagem mais cautelosa e decorosa, mais alinhada ao cargo que ocupa, para reduzir o desgaste gerado por falas como, por exemplo, a comparação entre Israel e os nazistas. Neste momento citado, Lula deixou o militante de esquerda assumir a presidência.
Em questões mais pragmáticas, o governo devia se apoiar menos em medidas impopulares como a “taxa das blusinhas” e o aumento do IOF. Por fim, uma reaproximação com a sociedade civil e movimentos sociais históricos pode reconstruir sua base de apoio. A chave está em retomar o vínculo com quem sempre sustentou o projeto político do presidente. (Especial para O Hoje)