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domingo, 24 de novembro de 2024
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Patrimônio dos donos do dinheiro ganha R$ 4,8 tri em apenas 4 anos

Entre altos e baixos, a já afamada “bolsa juros” continua turbinando o patrimônio dos donos do dinheiro no País, grupo formado pelos muito ricos, aqueles que dispõem de reservas para participar dos ganhos propiciados pelo cassino financeiro, sustentados pelo governo brasileiro e sua política de juros altos. Ao fim e ao cabo, é esse o […]

Entre altos e baixos, a já afamada “bolsa juros” continua turbinando o patrimônio dos donos do dinheiro no País, grupo formado pelos muito ricos, aqueles que dispõem de reservas para participar dos ganhos propiciados pelo cassino financeiro, sustentados pelo governo brasileiro e sua política de juros altos. Ao fim e ao cabo, é esse o “público alvo” das medidas de austeridade defendidas por um esquadrão de economistas ortodoxos, à falta de uma denominação mais apropriada e condizente com a realidade, comentaristas e analistas a soldo dos mercados. Afinal, ao cortar despesas que ajudam a sustentar políticas públicas e uma ainda incipiente rede de proteção social, o objetivo último é fazer sobrar recursos para pagar os encargos da dívida pública, vale dizer, juros e amortizações.

Na prática, o “esquadrão do austericídio” defende o enxugamento dos recursos reservados a milhões de famílias mais pobres e seu desvio para os donos do dinheiro que multiplicam suas fortunas no mercado financeiro, numa redistribuição de renda às avessas. Chamam isso de “eficiência” no trato dos recursos públicos, embora tenha mais a ver com um achaque aos desafortunados e os dados concretos do Banco Central (BC) mostrem que os muito ricos não têm motivos para queixas.

A soma dos ativos financeiros estacionados no mercado financeiro, envolvendo os recursos aplicados em títulos federais e privados, quotas em fundos de investimento, a prosaica caderneta de poupança e haveres em poder de não residentes, experimentou salto nominal de 65,49% entre dezembro de 2019 e o último mês do ano passado, avançando de R$ 7,302 trilhões para R$ 12,084 trilhões – quer dizer, um acréscimo de R$ 4,782 trilhões no período. A valores atualizados até dezembro de 2023 com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a “riqueza financeira” registrou elevação de 28,51%.

“Bolsa juros” x Bolsa Família

Se entre 2019 e 2023 o estoque de ativos financeiros em poder dos muito ricos engordou R$ 4,782 trilhões, como já registrado, os recursos destinados ao programa Bolsa Família e Auxílio Brasil somaram em torno de R$ 332,199 bilhões no mesmo intervalo, em valores não atualizados com base na inflação. Mais diretamente, a “bolsa juros” ofereceu aos muito ricos a oportunidade de multiplicar seu patrimônio em valores correspondentes a 14,4 vezes todo o gasto do governo com milhões de famílias de renda mais baixa. Conforme dados de fevereiro deste ano, o Bolsa Família deverá beneficiar pouco mais de 21,06 milhões famílias, que receberão um benefício médio ao redor de R$ 686,10 cada uma, somando um total de R$ 14,450 bilhões naquele mês em números aproximados, algum coisa ao redor de R$ 173,40 bilhões, projetando-se o mesmo valor para 12 meses – uma fração correspondente a pouco mais de 13,0% do aumento experimentado pelo patrimônio dos mais ricos do País em um ano. Vale dizer, em apenas um ano, o aumento patrimonial em benefício dos muito ricos, considerando os dados de 2023, foi quase oito vezes maior do que o benefício a ser recebido por pouco mais de 21,0 milhões famílias.

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