Pautas de esquerda encontram amparo em administrações conservadoras

Publicado por: Venceslau Pimentel | Postado em: 06 de outubro de 2019

A atenção do Governo de Goiás às
pautas sociais destaca a mudança de posicionamento de políticos com ideologia
alinhada à direita. A gestão de Ronaldo Caiado (Democratas), desde que tomou
posse, vem estruturando políticas para atender às necessidades da parcela mais
vulnerável de nosso povo. O que, antes, eram consideradas pautas de esquerda,
agora fazem parte dos gabinetes mais altos do Estado. É o sapato social
deixando os tapetes palacianos e encontrando terrenos reais – onde vivem a
desigualdade social.

A criação do Gabinete de
Políticas Sociais, encabeçada pela primeira-dama Gracinha Caiado, as ações
– cada vez mais consistentes – da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), a
atenção aos povos kalunga, a criação de modelo social para emissão da Carteira
Nacional de Habilitação (CNH) e, mais recente, a indicação da ex-senadora Lúcia
Vânia na secretaria de Desenvolvimento Social (SEDS) evidenciam uma mudança no
jeito de fazer política social.

A ação desta parcela de políticos
busca conquistar a simpatia de eleitores que se identificavam, até pouco tempo,
com as propostas de gestores de esquerda. Este será, portanto, o norte
administrativo dos tempos ‘pós-lulismo’ – época em que o modelo político se
preocupava que a renda fosse mais bem distribuída aos brasileiros carentes. Sem
esse movimento, de acenar aos anseios dos mais pobres, é improvável que
qualquer governante continue no poder. Foi esta, afinal, a bandeira que manteve
a boa aprovação do ex-presidente petista. E é com esta mesma bandeira que os
atuais governantes pretendem marcar seu território.

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O próprio presidente Jair
Bolsonaro (PSL), que foi eleito enquanto fazia duras críticas ao modelo
administrativo do PT, correu para anunciar a criação de um 13º salário para os
beneficiários do programa Bolsa Família. Não encarem esta atitude como uma
benevolência do presidente, mas uma estratégia para dialogar com mais de 13
milhões de famílias que são assistidas pelo programa de assistência social.

Como ensinado por Nicolau Maquiavel, “a um príncipe
é necessário ter o povo ao seu lado”. O pensamento do filósofo,
historiador, poeta, diplomata e músico de origem florentina do Renascimento
parece fazer sentido nesta época de transição política. Ao romper padrões
administrativos de duas décadas, os governantes refletem preocupações
importantes do autor.“…quando um príncipe deixa tudo por conta da sorte, ele
se arruína logo que ela muda. Feliz é o príncipe que ajusta seu modo de
proceder aos tempos, e é infeliz aquele cujo proceder não se ajusta aos
tempos.”, escreveu o italiano em “O Príncipe” em 1532.

E mesmo que haja expectativas políticas por traz
dos projetos, é preciso entender a importância de formatar políticas para
combater a desigualdade. Em Goiás, com a chegada de Lúcia Vânia à SEDS,
crianças vítimas de estupro podem ter suas dores assistidas. Foi este o anúncio
do Governo, da
intenção de enviar um projeto de lei à Assembleia
Legislativa que estabeleça a concessão de bolsa de um salário mínimo para as
crianças que foram violentadas sexualmente no Estado.

Assim, a realidade que se apresenta é promissora, mas não deve ficar
limitada a distribuição de alimentos. É preciso que os governantes devolvam
dignidade, mas que também proporcionem experiências esportivas, culturais e de
lazer. É hora de dar significado ao termo ‘inclusão social’ e de o governador
cumprir com a promessa que fez durante a posse, de construir “
conjunto de uma política solidária, de uma
política social capaz de atender os verdadeiros necessitados e de dar a eles a
condição de progredir na sua vida.”