Perda de autoridade de Lula fortalece Congresso
O traço marcante do terceiro mandato do presidente Lula é a perda da sua legitimidade como líder. Com isso, o Congresso tem se fortalecido ainda mais. Esse processo histórico se relaciona com a crise do presidencialismo brasileiro dos últimos anos. No entanto, não se esperava isso de Lula. Ao contrário, os setores que o elegeram acreditavam no restabelecimento da autoridade do presidente da República.
No início deste mandato, ostentou carisma e habilidade. Ao menos, antes das adversidades enfrentadas. Do PIX ao IOF, o petista não conseguiu implementar medidas impopulares, talvez nem mesmo as populares. No passado, enquanto surfava a onda das boas-novas da economia de 2002 a 2010, gozava de uma força política avassaladora dentro das Casas Legislativas. Hoje, em uma situação bem diferente, tem atestado inabilidade para administrar os problemas políticos atuais.
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Ou seja, não era um grande líder como se pensava. Apenas se beneficiou de todos os eventos que proporcionaram aqueles anos. Como se sabe, Fernando Henrique Cardoso pavimentou o caminho e ficou marcado como o maior “testa de ferro” dos anos dourados do PT, no sentido de que tudo que acontecia de ruim era tratado como um legado dos seus anos de governo neoliberal, inclusive pela própria mídia. E todos os benefícios eram tratados como uma conquista do Lula.
Exposto à real natureza da figura mítica que Lula se tornou, nos primeiros meses enfraqueceu, e isso beneficiou os planos implícitos do Congresso. No Brasil de hoje, os parlamentares compreenderam e profissionalizaram o jogo. Querem controlar, cada vez mais, o orçamento. Assim, cruzam os braços e se negam a fazer parte dos projetos do Executivo. (Especial para O Hoje)