De Anápolis à divisa de Goiás com Tocantins, a BR-153 é um abatedouro de gente com 450km de desastres com mortes e feridos. Oficialmente, foram cerca de 6 mil acidentes com 400 mortes (cem delas nestes 12 meses) e 6 mil feridos desde 2020. Neste fim de semana, José Júnior Fernandes Mota dirigia bêbado uma caminhonete e provocou uma tragédia perto da cidade em que mora, Campinorte: matou 8 pessoas, entre elas uma família inteira. Merece pegar 240 anos de cadeia, mas a lei tem brecha demais para homicidas.

No final dos anos 1950, o presidente JK concluiu a Belém-Brasília anunciando os passos seguintes, a pavimentação e a duplicação. As obras ficariam para o seu próximo governo, pois certamente seria eleito em 1965. Veio o golpe de 1964, JK foi preso e assassinado, 60 anos depois a BR ainda está em pista única. 

Em 25/5/1975, o deputado constituinte Jalles Machado, pai do governador Otávio Lage, morreu no trevo de Rialma. Após meio século, o mesmo trevo (ou a falta dele) continua matando gente. Quase toda família do Vale do São Patrício e do Norte goiano tem uma história triste com a 153.

Diversas teorias do delito impedem que os políticos sejam presos pela omissão que dizima pessoas. Mas não deixa de ser crime. Como resolver o problema? Pegando no pé de deputados e senadores. O Governo Federal voltou a prometer a duplicação, até 2030, mas será só de um trecho – e não está incluído o local das citadas 8 mortes. Tem pedágio na rodovia da morte, só não tem duplicação. Quem é mais assassino, José Júnior ou os políticos que não a duplicam? 

Veja vídeo no Instagram @g.ohoje: https://www.instagram.com/reel/DO6zjCjEucv/?igsh=NzFqbnd5YnBpMGd4.