Potencial de consumo deve avançar 1,9% acima da inflação em Goiás

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 22 de julho de 2023

A depender ainda das condições macroeconômicas desenhadas para o restante do ano e considerando a perspectiva de um baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o potencial de consumo das famílias brasileiras tenderá a avançar a uma velocidade real, quer dizer, depois de descontada a inflação, muito próxima de 1,5% neste ano, conforme projeta a pesquisa IPC Maps 2023. A variação em Goiás tende a ser apenas levemente superior à média brasileira, com incremento real de 1,91% na comparação com 2022, de acordo com Marcos Pazzini, sócio da IPC Marketing Editora, que responde pelo estudo.

Nessa projeção, que considera um amplo conjunto de dados coletados de fontes oficiais, as famílias goianas tenderiam a consumir qualquer coisa ao redor de R$ 242,30 bilhões neste ano, em valores sem atualização, saindo de algo muito perto de R$ 221,0 bilhões no ano passado. A participação do Estado no consumo potencial das famílias em todo o País deverá anotar alteração muito modesta, passando de 3,53% para 3,60%, com Goiás preservando a 8ª colocação no ranking dos Estados, mesma posição registrada em 2022. A alteração naquele percentual, conforme Pazzini, poderá corresponder a um “ganho de R$ 4,50 bilhões para o bolso da população” do Estado.

O avanço relativo do potencial de consumo, ainda que num crescimento menos acelerado do que o desejável, deve influenciar especialmente o desempenho dos segmentos da economia mais próximos do consumidor final, a exemplo dos setores de varejo e de serviços, principalmente no caso dos serviços prestados às famílias, com transbordamentos eventuais para os demais setores da economia. De toda forma, o impacto tende a ser limitado a se considerar o ritmo contido de crescimento registrado pela pesquisa em relação à propensão das famílias para consumir novos bens e serviços.

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Migração social positiva

A mudança na distribuição da população por classe econômica e no ritmo de crescimento entre os contingentes de cada uma das faixas de consumo e renda, entre outros fatores, podem ter influenciado a disposição das famílias para gastar. A pesquisa, observa Pazzini, registra maiores taxas de crescimento das famílias incluídas nas classes A e B (que em tese poderiam ser classificadas como de renda alta e média). Sempre na comparação com o ano passado, o total de domicílios incluídas nas classes D e E, analisadas em conjunto, apresentou baixa de 2,74%, saindo de 622,573 mil para 605,508 mil (17,065 mil a menos), com consequente elevação “para as classes melhores posicionadas na pirâmide social”, anota Pazzini. Na sua visão, esse tipo de dinâmica pode estar associado a um processo “ conhecido como migração social positiva e é o que influenciou o crescimento do potencial de consumo de Goiás entre 2022 e 2023”.

Balanço

  • Ainda considerando os grandes grupos de consumo, os domicílios incluídos na classe B tendem a registrar a maior variação absoluta e proporcional, elevando sua participação no número total de domicílios no Estado de 20,6% para quase 21,7% – resultado de um incremento de 6,3% no número de domicílios, que devem sair de 462,499 mil para 491,611 mil.
  • Maior contingente entre as diversas faixas, a classe C tende a experimentar variação de 1,2% na comparação com 2022, com o total de domicílios passando de 1,108 milhão para quase 1,122 milhão. A participação no total praticamente não deve ser alterada, mantendo-se ao redor de 49,4%.
  • Na faixa mais alta de renda, o número de domicílios deve avançar em torno de 3,8%, com acréscimo de 1,853 mil domicílios aos 49,273 mil registrados pela pesquisa em 2022, atingindo um total de 51,126 mil neste ano. A participação no total de domicílios teria variação apenas na segunda casa depois da vírgula, saindo de 2,20% para 2,25%, uma flutuação estatisticamente insignificante.
  • O que a pesquisa parece sugerir, portanto, é que o potencial de consumo das famílias neste ano tende a ser puxado pelas camadas de renda média acomodadas na classe B, que aparentemente concentrou a maior parcela da “migração social positiva” observada ao longo deste ano.
  • Ao analisar a evolução no número de empresas em operação no Estado, Pazzini identifica em Goiás o mesmo padrão observado para o restante do País, com variação positiva para todos os setores da economia, mas de forma mais destacada no setor de serviços – não por coincidência, um dos mais afetados pelas medidas de distanciamento social e isolamento adotadas nos meses mais críticos da pandemia causada pelo Sars-CoV-2.
  • O total de empresas deve apresentar incremento de 6,5% em relação ao ano passado, avançando de 728,687 mil para 776,198 mil, corresponde à abertura de 46,511 mil novos negócios. Isoladamente, os serviços tendem a responder por 65,7% daquele crescimento, já que o setor deve registrar a abertura de 31,215 mil empresas, elevando o total nesta área de 385,389 mil para 416,604 mil, numa variação de 8,1%.
  • Em números absolutos, retoma Pazzini, a indústria surge como o segundo destaque, ao abrir 8,901 mil novas plantas no Estado, saindo de 128,619 mil para 137,520 mil empreendimentos, em alta de 6,9%. Proporcionalmente, no entanto, a maior variação tende a ser registrada pelo agronegócio, mas sobre uma base mais reduzida do que os demais setores de atividade. O total de empresas do agronegócio deve aumentar 11,8% com a abertura de mais 1,102 mil negócios, saindo de 9,335 mil empresas para 10,437 mil.
  • “Outro destaque fica para o setor de comércio, que sofreu com fechamento de empresas durante e logo após a pandemia, mas que volta a ter crescimento em 2023”, pontua Pazzini. O número de empresas aqui deve sair de 205,344 mil para 211,637 mil.
  • Em todo o País, a pesquisa aponta ainda que 25,3% dos gastos familiares tendem a ser direcionados para a habitação, incluindo despesas com aluguel, impostos, energia, água e gás), seguida do grupo outras despesas (reformas, serviços em geral, seguros e outras), com 18,6%. Gastos com veículo próprio e alimentação e bebidas no domicílio deverão comprometer, respectivamente, 11,7% e 10,3% da renda familiar, diante de 6,7% para medicamentos e saúde, 4,6% para alimentação e bebidas fora de casa, 3,5% com educação e 1,5% para móveis e eletrodomésticos.